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IV – Ligeiríssima análise de conteúdo

a) História, Geografia, ciências afins

Se o aspecto físico da Revista mudou muito ao longo de seus cinqüenta e seis

números, pode-se dizer que seu conteúdo também variou na mesma proporção. A

maioria dos textos publicados em suas páginas refere-se, de fato, ao Espírito

Santo. Assuntos referentes à História do Estado e Biografias de vultos

notáveis aparecem em grande maioria. Geografia (em suas diversas

especializações) e Antropologia (incluídas aí a Antropologia Física e a

Etnografia), em quantidade bastante inferior.

É curioso notar a presença de apenas um texto rigorosamente classificável como

pertinente à área da Sociologia, o “Estudo Sociológico de uma Comunidade —

Cachoeiro de Itapemirim” (ou “Cachoeiro de Itapemirim: Ensaio de Sociologia

Urbana” como lhe denominou o autor) de Renato Pacheco, que vem a ser o texto

mais longo publicado nas páginas da Revista: oitenta laudas. Este texto foi

publicado no décimo oitavo número, de 1958 (Renato Pacheco é, aliás, o autor

que tem mais textos publicados na Revista, com 35 inserções, a maioria

absoluta de artigos e estudos, desde o décimo sétimo número, de 1957 — em que

publicou “Notas sobre os Botocudos” — até hoje). Da mesma forma, consta apenas

um texto na área da Arqueologia, “Cerâmio da Sapucaia”, de Adhemar Neves,

publicado no décimo quinto número, de 1943, dando conta do descobrimento de

artefatos de cerâmica indígena na região de Sapucaia, no norte do Estado.

b) Números temáticos

Nos primeiros tempos de publicação alguns números da Revista tinham uma

temática pré-definida — podendo constar, obviamente, textos referentes a

assuntos diversos — tudo a critério da Comissão própria (que já se chamou

Comissão de Estatutos e Revista, Comissão de Publicidade (n.º 7/34), Comissão

de Revista e Publicações, Encarregados da Revista e Conselho Editorial).

Assim, o primeiro número cuidava, obviamente, da fundação do IHGES, inclusive

publicando as atas de sua constituição, mas cuidava também da Revolução

Pernambucana de 1817; o quarto, do centenário do nascimento do Imperador D.

Pedro II; o quinto, em especial sobre o centenário da independência da Bahia;

o sexto, do VIII Congresso Brasileiro de Geografia, realizado em Vitória em

novembro de 1926; o oitavo, sobre a comemoração do quarto centenário do Padre

José de Anchieta; o décimo, ao quarto centenário de Colonização do Solo

Espírito-santense; o décimo segundo, sobre a Proclamação da República; o

décimo terceiro, uma edição especial comemorativa do quarto centenário de

fundação da Companhia de Jesus; o décimo nono, dedicado ao quarto centenário

da chegada de Frei Pedro Palácios ao Espírito Santo, ao cinquentenário do

Governo Jerônimo Monteiro e ao sesquicentenário do nascimento do General

Manoel Luis Osório; o vigésimo, ao centenário de nascimento de Afonso Cláudio

e Antônio Aguirre; o vigésimo primeiro, ao centenário do nascimento de Antônio

Athayde; o quadragésimo nono, ao Padre José de Anchieta.

c) A presença da Literatura

Se a publicação de estudos e artigos referentes a História e Teoria Literárias

desde sempre se fez na Revista (o que é estatutariamente possível se fazer,

como vertentes da História da Cultura), no entanto é de registrar o

incremento, nos idos dos anos 90, na publicação de textos de caráter literário

em verso e prosa (traduções, resenhas, contos, destacando-se sem favor nesta

última espécie a produção de Roberto Mazzini, pseudônimo de Ivan Borgo, que

mereceu inclusive um estudo publicado na própria Revista).[ 5

]

A partir do quadragésimo terceiro número, de 93/94, foi instituída uma seção

fixa, denominada “A Poesia é Necessária” (lembrando seção da Revista Manchete,

da Editora Bloch, publicada ao pé da coluna de Rubem Braga), que foi aberta

com o poema “Mestre Filó”, de autoria de Renato Pacheco. Esta seção seria, no

entanto, suspensa entre os quadragésimo sétimo e quadragésimo nono números,

retornando no quinquagésimo, de 1998, e desaparecendo definitivamente (até

hoje) a partir do quinquagésimo segundo número, em 1999.

Com a instituição do Boletim Informativo em 1995 (seção IV. d, infra) a

produção estritamente literária procurou-se canalizar para aquelas

páginas.[ 6 ] Inobstante isto, não chegou a cessar por completo a publicação nas páginas da Revista: de fato, de meados dos anos 90 para cá só o

quinquagésimo quinto número, de 2001, não trouxe publicado qualquer texto de

caráter especificamente literário.

d) Noticiário das Atividades da Casa

A Revista do IHGES sempre deu notícia das atividades da casa, constando

inclusive dos primeiros números atas de eleição da Diretoria, relatórios de

patrimônio e listas nominais de sócios de todas as categorias. Mas foi somente

no décimo quinto número que o então Secretário Geral, Eurípides Queiroz do

Valle, fez publicar o texto do seu relatório da “atividade cultural do

Instituto no biênio 941-943”, repetindo a iniciativa no décimo sexto número,

na forma de “discurso-relatório” referente ao ano de 943-944. No décimo sétimo

número, em 1957, veio relatório circunstanciado das atividades da casa entre

os anos de 1951 e o ano da publicação do volume, bem como lista da composição

de todas as Diretorias do Instituto desde a fundação até aquela data. Essas

iniciativas foram devidas ao mesmo Eurípides Queiroz do Valle, que naquele ano

de 1957 passava a Presidência da casa a seu sucessor, Ceciliano Abel de

Almeida.

Talvez até mesmo por influência daquele ilustre presidente, a obrigatoriedade

de constar na Revista seção específica dando notícia das atividades

desenvolvidas pelo Instituto veio no Estatuto de 1953 (art.2.°, letra c),

aprovado na sua gestão. Esta disposição acabou por introduzir um costume que

permaneceu inclusive durante o início de vigência do Estatuto de 1992 (que

também não contemplou disposição específica a respeito), até que a Diretoria

resolveu instituir, em abril de 1995, um Boletim Informativo, “com o objetivo

de divulgar com maior freqüência, entre os sócios, os acontecimentos relativos

a este Instituto”.[ 7 ]

De fato, o primeiro número do Boletim Informativo foi publicado em dezembro de

1995, cobrindo as atividades do período agosto/dezembro daquele ano, e vem

sendo publicado regularmente desde então e até hoje.

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NOTAS

[ 5 ] O estudo, de autoria de Miguel Depes Talon, intitulado “Os

Oriundi na Crônica de Roberto Mazzini”, foi publicado no quadragésimo oitavo

número da Revista, de 1997.

[ 6 ] O Boletim nº 07, de jan/mar 97, traz vários poemas reunidos

numa seção a que se deu o mesmo nome, ou seja, “A Poesia é Necessária”; os nºs

08 e 09 trouxeram vários poemas esparsos em suas páginas centrais, tendo

retornado a seção no 11º número do periódico. A publicação de textos de poemas

em seção específica, com esta denominação ou não, continuou no Boletim até ao

nº 20, de abril de 2000.

[ 7 ] RIHGES, 45/130.

[In Notícia do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Vitória: IHGES, 2003.]

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Getúlio [Marcos Pereira] Neves é sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, Juiz de Direito e mestre em Ciências Jurídico-Criminais pela Universidade de Lisboa.

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