Anteriormente denominada largo da Conceição, hoje, praça Costa Pereira, por muitos anos foi conhecida como “Prainha”, antes do erguimento da capela por Dionizio Francisco Frade. As enxurradas e as águas dos Pelames engrossavam a “Fonte Grande”, transformando-a em apreciável curso d’água, correndo em vala artificial, denominada “Reguinho”. Na confluência deste com o mar, surgiu uma restinga nas proximidades das embocaduras das ruas Sete e Graciano Neves. Foi ali construída a capela de Nossa Senhora da Conceição, que chegou ao fim do século que nos precedeu. Foi demolida no governo de Muniz Freire, em 1894, para a construção do teatro Melpômene, inaugurado em maio de 1896 pela companhia Julia Plá, com a opereta “A Mascote”. Foi festa grossa decantada pela imprensa da época.
Mais de dois terços da praça eram banhados pelo mar, máximo nas marés cheias, que entravam pelos vazios das ruas do Oriente (Barão de Itapemirim), General Câmara, Palácio do Café e São Manoel, verdadeiros becos infectos. Desapareceram entre 1922 e 1924, quando da ampliação da Praça Costa Pereira e abertura da avenida Capixaba. Suas áreas estão incorporadas ao triângulo ocupado pelos novos edifícios, que fazem frente para essas duas vias públicas. Seus oblíquos alinhamentos persistem, gritando contra a ridícula economia, quando da desapropriação dos velhos casarios para as obras de melhoramento. O aterro do velho Largo da Conceição se fez aos poucos, gradativamente. Depois de edificada a capelinha, todos os governos se interessaram por ela. Registraram-se principalmente Brás Rubim e o Conselheiro José Fernandes da Costa Pereira. Este ilustre capixaba muito trabalhou por sua terra, quer como presidente da Província, em 1862, quer como Ministro da Agricultura no Gabinete de 7 de março de 1871, presidido pelo Visconde do Rio Branco.
O “Reguinho” castigava impiedosamente o largo colonial. Toda chuva maior o engrossava, inundando e prejudicando o rés-do-chão das poucas casas que lhes bordavam o perímetro tortuoso.
Até bem pouco tempo, não obstante as águas canalizadas em manilhas de meio metro de diâmetro, o extravasamento era freqüente nas chuvas de verão. Mesmo não acontecendo isso atualmente, faz-se necessário construir uma avenida no Contorno, com um canal para coletar as águas dos morros, lançando-as diretamente ao mar por meio das espessas galerias.
Em 1922, o prefeito Pereira Lima mudou-lhe o nome para “praça Independência”. Não conseguiu popularidade. Voltou ao apelido atual, que muito bem lhe soa. O verdadeiro construtor da Praça Costa Pereira foi o engenheiro Moacyr Avidos, Secretário da Agricultura, Viação, Obras Públicas e diretor dos “Serviços de Melhoramentos da Capital”, no governo de seu ilustre pai, presidente Florentino Avidos, igualmente engenheiro e que fora o diretor de obras no governo do coronel Nestor Gomes.
A praça foi definitivamente inaugurada em 23 de maio de 1928, com o descobrimento dos bustos de Florentino Avidos e Muniz Freire. O ajardinamento e arborização foram projetados e executados por Paulo Mota.
O antigo teatro Melpômene, todo de pinho de Riga, obedecia internamente às melhores regras de construção do gênero: bem decorado e confortável prestou notáveis serviços à cultura artística da capital. Foi demolido no governo de Florentino Avidos.
André Carloni, “Mecenas Capixaba”, construiu, mediante alguns favores do governo, por sua conta, o “Carlos Gomes”, mas as colunas de ferro fundido que ainda hoje sustentam os camarotes pertencem ao antigo teatro.
[DERENZI, Luiz Serafim. A história de sua rua. In A Tribuna, 28/6/1974. Reprodução autorizada pela família Avancini Derenzi.]
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Luiz Serafim Derenzi nasceu em Vitória a 20/3/1898 e faleceu no Rio a 29/4/1977. Formado em Engenharia Civil, participou de muitos projetos importantes nessa área em nosso Estado e fora dele. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)