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Apresentação

Desenho a partir de fotografia por Maria Clara Medeiros Santos Neves
Desenho a partir de fotografia por Maria Clara Medeiros Santos Neves


Apresentação

A aeronave denominada “dirigível”, mais conhecida como zepelim, foi concebida pelo conde Ferdinand von Zeppelin e o primeiro voo — realizado pelo Luftschiff Zeppelin 1, ou LZ1 — data de 2 de julho de 1900, com decolagem de uma grande balsa no lago Constance, perto de Friedrichshafen, ao sul da Alemanha.

O conde Ferdinand Adolf August Heinrich Zeppelin nasceu em Constance, Baden, Alemanha, a 8 de julho de 1838, e morreu em Charlottenburg, a 8 de março de 1917, tendo iniciado seus projetos a partir de 1890. A esses projetos se associaram outros técnicos alemães como Hugo Eckener (1869-1954), piloto de primeira classe que ajudou a treinar pilotos e a popularizar o dirigível no transporte aéreo de passageiros; Wilhelm Maybach (1846-1929), engenheiro e industrial que trabalhou com um dos pioneiros da indústria automotiva, Gottlieb Wilhelm Daimler (1834-1900), e que, juntamente com seu filho Carl, organizou em 1909 uma companhia em Friedrichshafen para construção de motores de aparelhos aeronáuticos, atuando nesse sentido como subsidiária da organização Zeppelin.

Apesar de numerosos obstáculos e fracassos iniciais, o conde Zeppelin não desistiu de seu objetivo, transformando-se, com o tempo, num símbolo nacional. Em 1908 o governo imperial alemão adquiriu o LZ3 para fins militares.

Os dirigíveis tiveram participação destacada na fase inicial da Primeira Guerra, com mais de cem aparelhos sendo usados pelo exército alemão para fins de reconhecimento e bombardeio. Com o desenvolvimento dos aeroplanos, porém, reduziu-se acentuadamente seu emprego nos últimos anos da guerra.

Terminada a guerra, a organização Luftschiffbau Zeppelin promoveu excursões em dirigíveis, com voos realizados nos limites da Alemanha. Em seguida, foram feitos voos mais audaciosos, tanto ao Polo Norte como à Palestina. Em 1929 o Graf Zeppelin realizou um voo promocional ao redor do mundo, comandado por Hugo Eckener, partindo de Friedrichshafen e passando por Nova York, Los Angeles e Tóquio antes de retornar ao ponto de origem. A partir de meados da década de 30 a empresa organizou viagens regulares transportando passageiros para o Rio de Janeiro, assim como para Lakehurst, Nova Jersey, nos Estados Unidos.

Outros países — como Estados Unidos, Inglaterra e Itália — se dedicaram à construção de zepelins, sendo a Inglaterra um dos que mais se destacaram.

O zepelim se revelou um transporte bastante seguro, tanto que acumulou mais de um milhão de milhas de voo sem perda de vida. Todavia, em 6 de maio de 1937, o Hindenburg (LZ129) se incendiou ao descer em Chicago, provocando mortes entre os passageiros e tripulantes. A tragédia, que fora filmada pela imprensa, chocou a opinião pública mundial, comprometendo definitivamente a utilização desse tipo de transporte.

Um dos últimos zepelins alemães, o Graf Zeppelin (ou Conde Zepelim, em homenagem ao inventor), com prefixo LZ127, ao que tudo indica o mais bem-sucedido dos dirigíveis da companhia, realizou o maior número de viagens – 590 ao todo – cobrindo 1,7 milhões de milhas aproximadamente entre os anos de 1928 e 1937, sendo desmontado em 1940. Foram construídos 119 zepelins entre 1900 e 1938.

Recentemente a Zeppelin Luftschifftechnik GmbH construiu um dirigível dentro de uma linha denominada LZ NT (Nova Tecnologia), que combina a experiência adquirida e tecnologia, materiais e processo construtivo modernos, sendo o primeiro desses novos zepelins denominado LZ N07. Seu voo inaugural deu-se em 18 de setembro de 1997, realizando-se a partir dessa data diversos outros. Ele foi concebido para excursões aéreas de pequena distância e com capacidade para 12 passageiros e dois tripulantes. O advento dos zepelins inspirou a criação de materiais gráficos, por parte de vários países, especialmente selos e carimbos postais comemorando os voos mais importantes.

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Os zepelins, cujos primeiros exemplares eram rígidos, apresentam forma fina e alongada — como de uma salsicha —, com comprimento variando de 128 (LZ1) a 245 metros (LZ129) e diâmetro, de 11,7 (LZ1, 2, 3) a 45,5 metros (LZ129, 130). Seu invólucro — com estrutura em alumínio, metal leve e estável, e amarração de arame —, era preenchido, em sua maior parte, por hidrogênio distribuído em várias células, enquanto o espaço restante era ocupado pelos camarotes dos passageiros. Na parte externa e inferior havia também a nacelle (barquinha), que era ocupada pela tripulação e que também era responsável pela ventilação dos compartimentos de passageiros.

Inicialmente os compartimentos de passageiros eram equipados com grande simplicidade, mas depois tornaram-se luxuosos, dispondo inclusive de água corrente, tanto quente como fria. O LZ129 e o LZ130, por exemplo, tinham salas bastante espaçosas a ponto de conterem um piano de cauda e uma sala para fumantes especialmente equipada por causa do risco de explosão. Outras comodidades também estavam disponíveis, como um salão de jantar, um bar e ainda um saguão espaçoso.

As aeronaves eram também equipadas com dois motores a diesel. Os primeiros, menos possantes, foram criados por Daimler (motores Daimler a diesel). Já o LZ127 apresentava cinco motores de 550hp criados por Maybach, que desenvolviam uma velocidade de até 128 km/h.

Mais tarde as aeronaves passaram a utilizar o hélio em lugar do hidrogênio, como no caso do LZ126, Los Angeles, que foi especialmente fabricado para os Estados Unidos.

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A exposição apresentada no site inclui fotografias produzidas na passagem do Graf Zeppelin por Vitória, ES, todas de autoria do Prof. Guilherme Santos Neves (1906-1989), além de envelopes e cartões postais colecionados também pelo Prof. Guilherme que registram o transporte de correspondências por meio daquele dirigível. Todo esse material, datado de 1930 a 1935, integra o acervo da família Santos Neves e do site Estação Capixaba.

Maria Clara Medeiros Santos Neves
Coordenadora do site Estação Capixaba
Organizadora da exposição



Maria Clara Medeiros Santos Neves, coordenadora do site ESTAÇÃO CAPIXABA, é museóloga formada pela Universidade do Rio de Janeiro e pós-graduada em Biblioteconomia pela UFMG, autora do projeto do Museu Vale e de diversas publicações. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)

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