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Capítulo V



Nomes italianos na história provincial.
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A conjuntura resultante da unificação italiana, como ficou estudado páginas atrás, precipitou o derrame do povo peninsular pelas duas Américas, alcançando até a longínqua Austrália. Ficou conhecida como “a emigração da fome”.

Porém, desde tempos imemoráveis, os italianos praticaram a emigração voluntária, aventureira. Emigra o intelectual, o artista, o artesão, o marinheiro, o homem de negócios.

Vamos encontrá-los em Portugal desde o século XVI, nas universidades, nas cortes, no comércio, na tripulação dos navios a explorar os mares “nunca dantes navegados”. Na Rússia de Pedro, o Grande, a construir palácios, em suma, em todos os países modernos, os italianos deixaram o traço de seu gênio, de sua arte.

Fernando L. B. Bastos, em opúsculo recente, diz que os primeiros italianos que apontaram no Brasil integravam a expedição de Pero Lopes, em 1530, como marinheiros. E os que vieram com Vespúcio e Adorno?

Nas guerras holandesas, quando estávamos sob o domínio espanhol, Felipe II, que reinava também em Milão e Nápoles, mandou o sargento-mor Giovanni Vicenzo Sanfelice, conde de Bagnuolo, com 500 napolitanos, a nos ajudar a combater os batavos invasores.

Até o advento da emigração, a história registra nome de um filho ilustre da Ligúria. É o capitão João Mongiardino, oriundo de família titulada de Gênova e que, de Lisboa, veio a comandar as fortificações de Vitória, em 22 de janeiro de 1789, pois nomeado capitão-mor da capitania. É o tronco da família Monjardim, de relevo ímpar no cenário político e cultural de nosso Estado. No começo do século passado há na capitania um Bataglia, boticário licenciado. Ainda, um terceiro genovês, só que este é nato, desponta em 1840 e se radica em Viana: Giuseppe Balestrero. Foi um dos patriarcas desse município. Na Síntese da História da Imigração no Brasil, Fernando Bastos afirma que aproximadamente dez milhões de brasileiros são de descendência italiana próxima ou remota. Publica a estatística de entrada de 1836 a 1968, onde se constata que o total é de 1.620.344. Não acreditamos na exatidão desses números até 1914. Pois os triestinos, em grande quantidade, entraram com passaportes austríacos, e mesmo as repartições estatísticas do século passado não são muito fiéis. Destes, quantos se fixaram no Espírito Santo? Ignora-se. Em certas publicações e artigos de jornalistas italianos e repartições de terra falava-se entre 40 e 45 mil.

A primeira representação consular data de 12 de julho de 1867. Coube a Otton Leonardo o exequatur de cônsul da Itália no Espírito Santo. A essa data, pelo que nos consta, havia 22 famílias de sardos, localizadas no morro do Chapéu, em Santa Isabel. O pintor francês Auguste François Biard conheceu no Rio de Janeiro um italiano, em 1858, residente no Espírito Santo, que tirava jacarandá em Santa Cruz, onde havia tribos de índios semicivilizados. O bizarro e extravagante artista viajou com o madeireiro italiano com o intuito de pintar índios in natura. Encontrou-os nas margens do rio Piraquê. Mas se desentendera com o italiano hospedeiro e não lhe cita o nome, em livro que publicou: Dois anos no Brasil.[ 12 ]

Picardia muito do temperamento gaulês. O madeireiro, por uma série de atrapalhações em seus negócios, faltou com compromissos de horários e hospedagem e o artista irritou-se. Pelas circunstâncias particulares julgo ter sido Pietro Tabacchi, que abriu fazenda em Santa Cruz denominando-a Nova Trento e teve depois papel de pioneiro na introdução de imigrantes no Espírito Santo.

Em Nova Almeida, o pintor e Tabacchi se demoraram em casa de pequeno proprietário italiano. São as poucas referências que encontramos aos peninsulares antes das correntes imigratórias.

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NOTAS

[ 12 ] Coleção Brasiliana, tradução de Mário Sette. [Nota do autor] No que se refere à parte do Espírito Santo, há também uma publicação da Cultural-ES, com tradução de José Augusto Carvalho, que se encontra reproduzida neste site.[Nota da Estação Capixaba]

[In DERENZI, Luiz Serafim. Os italianos no Estado do Espírito Santo. Rio de Janeiro: Artenova, 1974. Reprodução autorizada pela família Avancini Derenzi.]

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Luiz Serafim Derenzi nasceu em Vitória a 20/3/1898 e faleceu no Rio a 29/4/1977. Formado em Engenharia Civil, participou de muitos projetos importantes nessa área em nosso Estado e fora dele. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)

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