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Cultura (poema meio longo em versos curtos)

Quis
fazer uma
anto
logia
dos
grandes
mass
acres humanos
mas
eram tantos
os maiores
que logo au
mentei
os meus planos.
Imaginei
nem mais nem
menos
que os tomos
duma en
ciclo
pédia
pomposamente atijolados
para con
ter toda
a
tragédia.
Mas
o projeto foi crescendo
em pre
tensão
e qualidade
e a Britânica
das Matanças
virou
Biblioteca
de Sade
ainda bastante
in
completa
mas cada vez mais
encorpada.
Aparecem
tantos volumes
que não posso en
cadernar
cada.
Prateleiras
hos
pitaleiras
recebendo o mate
rial
não dão
conta
de todo o sangue
deste mundo tão
hos
pital.
Como
falta espaço
vital
é melhor
pensar num
mu
seu.
Nele
caberia o que o mundo
fez
de pior
e
esque
ceu?
Nele
cabe
ria
o que o
mundo
hoje mesmo
faz
esque
cendo? Não sei
responder
mas sei bem
o que vamos
sem
pre fazendo.
Eu tam
bém e você
e quem
aparecer
no chão da Terra,
nós que matamos
os seus mares
e até
decapi
tamos serras.
A grande
maravilha agora
pronta
para a nova estação
será
o inverno nu
clear,
será
redondamente
um
Não?
Não
é meu, é nosso
o museu.
É todo
o
planeta orbitando
na in
diferença
do universo —
simplesmente
penso
até
quando.
Penso em certas
ruas e casas,
numa
porta às vezes
aberta,
também
penso em certa
garota
que era mesmo a
garota
certa.
Os livros
lidos
e os não
lidos
na estante
da minha cabeça
mostrando
os
títulos-lombada
onde as aventuras
co
meçam.
A música
sol
ta
no espaço
da sala e depois
da memória,
um sorriso, um
rosto, uma
foto,
tudo o que tem
alguma história.
De
vagar
e logo de
pressa
sensações, 
palavras, idéias,
idéias, sensações,
palavras
zumbem
minha mente-colméia
e
trabalham bem
produ
zindo
o desânimo
com seu fel,
os sabores
do pessi
mismo
que mancham
este
papel
com
uma
pergunta final
que rapi
damente eu
apago
risc
ando
também
todo o resto
das folhas que
(juro)
rasgo.


[publicado originalmente no site em 2004]

Lino Machado é poeta e professor universitário. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)

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