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D.C.N., estudante de Medicina

26 anos, fisioterapeuta, estudante de medicina, natural de Vitória, mora na Praia do Canto, estuda em Goiabeiras e trabalha em Cariacica. (12.2007)

– O trânsito de Vitória é caótico, a pior coisa que tem na cidade hoje. Moro entre meu trabalho e minha faculdade. Ainda mais agora que resolveram reformar todas as vias públicas ao mesmo tempo. Os caminhos estão mais longos. Demorava 5, 10 minutos pra ir a Goiabeiras, agora são 15, 20 minutos, quase o mesmo tempo de ir pra Cariacica. E os guardas de trânsito desapareceram. Parece que eles se escondem de propósito. E os carros estão aumentando nas ruas, é comprovado. Medidas têm que ser tomadas rapidamente pra evitar o crescente gargalo. E o capixaba anda pouco a pé, de ônibus. Eu mesmo ando pouco. Quando andava mais de ônibus era sempre cheio; você nota que os pontos estão sempre lotados. E ainda por cima o capixaba dirige muito mal, acho que é o pior que eu já vi. Não andam na velocidade certa pra fluir o trânsito, são individualistas, não sabem usar as faixas quanto à velocidade que têm que imprimir pra onde querem, se acham donos da verdade, donos das pistas, não sinalizam qualquer mudança. E tem o pedestre que anda nas ruas, capixaba gosta de andar fora das calçadas, e as calçadas são horríveis, tem as bicicletas que não têm ciclovias e fica tudo misturado: carros, pedestres e bicicletas. O dinheiro que vai surgir do gás e do petróleo vai ajudar na modernização da cidade, mas não temos mais pra onde crescer, o espaço esgotou-se.

– Atrás de meu volante vejo de tudo um pouco na rua, principalmente estudante e trabalhador. A maioria anda de carro, até mesmo por comodismo. Capixaba é comodista. E são poucos os que se engajam em protestos, manifestações, somente estudantes e trabalhadores sindicalizados, o civil comum não se vê. Os idosos estão sempre presentes e creio que eles têm recebido certa atenção, quanto ao serviço de prevenção de doença e à prática de exercícios físicos.

– A diversão na ilha é pouca. O capixaba adere pouco aos eventos de fora e há poucos de grande porte, inclusive os esportivos. Capixaba não sai aos domingos, só no final de ano. As noites só funcionam mesmo nas quintas, sextas e sábados. Tem praia, mas não vai tanto à praia assim. Dizem que vão despoluir Camburi, até agora nada. As praias daqui são sujas. Melhor atravessar a ponte e frequentar a praia lá [em Vila Velha]. Praticam-se sim muitos esportes praianos e náuticos. Natação, vela, futebol, vôlei. O futebol de campo é totalmente desestimulado. O basquete é que tem recebido umas injeções de ânimo, com o Saldanha e o Cetafes participando do campeonato nacional, tem o vôlei e o futebol de salão, que têm recebido incentivo da Prefeitura.

– Vejo pouco turista aqui. Particularmente gosto de orientá-los bem quando necessitam, o que não acontece com a maioria. Nos bares são mal atendidos, aliás, todos nós. Quanto à segurança nas ruas, depende da sorte. É mais pra insegurança. Nos bairros nobres é mais tranquilo, mas na periferia a barra pesa. As estatísticas nacionais incidem mais por lá. Conheço pouco o Centro da cidade, é raro conhecer gente que more lá, da minha geração, nunca vou lá, só passo por lá. Só fui ao Teatro Glória e ao Carlos Gomes.

– No aspecto da saúde pública acho que deve ser uma das piores. A estrutura dos hospitais é ruim, não há vagas, não há muita capacitação dos profissionais, não há material disponível pra trabalhar, mas é um quadro no país todo, parece que a saúde estagnou nos anos 70. A demanda é muito grande. A lei diz que todo cidadão tem direito a tratamento gratuito. Pura utopia. O SUS não parece atender. E o dinheiro, da CPMF, por exemplo, claro que não é aplicado na saúde como dizem, senão não estaria esse caos. Sobra pros planos de saúde que também são deficientes.

– O capixaba é meio introvertido com o pessoal de fora, é meio desconfiado. Tem muita gente que critica sua própria cidade, mas também tem muita gente bairrista. Meio a meio.

– Festas que têm acontecido por aqui e com destaque são as relacionadas ao samba, ao Carnaval e mesmo o Carnaval fora de época, como o Vital. As escolas de samba promovem muitas festas durante o ano e sempre estão cheias. O capixaba é festeiro. Tem a festa das paneleiras de Goiabeiras, tem a procissão de São Pedro, a Festa da Penha.

– Pra mim a grande visão de Vitória é descendo a Terceira Ponte. Não lembro algo tão bonito em outro lugar. Espero que a cidade se cuide, cresça e fique de olho nos seus governantes.

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