Sei que me dirás
Sei que me dirás: Não ouves as estrelas?
E te direi: Sim, eu as ouço, de muito longe,
e acendo lamparinas em meu caminho.
Tenho, por sorte, a morte, seus corredores e incógnitas,
e dela são as veias percorrendo o coração das pedras,
em intermináveis noites e dias de centelha,
onde Tântalos, Prometeus e Sísifos
dançam na fogueira fáunica dos delírios.
De pedras se fazem os dias e as noites.
A morte de cada homem é solitária.
Embora isso nos torne mais ímpares e áridos,
nessa aridez somos pares,
solitários como o deserto f1do Atacama,
solitários como todos os sepulcros
perdidos no pó das estrelas.
[In Sei que me dirás. Astorga: Sahar, 2017.]
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