50 anos, jornalista, nascida no Rio de Janeiro, chegou a Vitória em 1974, mora atualmente em Vila Velha, e trabalha em Mário Cipreste.
– Eu tenho um carinho muito grande por Vitória. Eu costumo dizer que as pessoas enaltecem demais as belezas de outras cidades em detrimento de sua própria; ela não deixa a desejar quanto a suas belezas, além de ser uma cidade muito agradável de morar. Ela pode não ser uma metrópole, mas eu acho uma vantagem, ela é robustinha, é toda compacta, ela tem de tudo um pouquinho. Você que vem de outra cidade que é maior, como eu, lá é tudo muito grande, tudo longe. Aqui tudo é mais perto, mesmo na Grande Vitória. O que deixa a desejar é que o transporte coletivo, por mais que se invista muito nisso, não se investe muito legal. Se você não tem seu automóvel e for pra um ponto de ônibus, a vida da pessoa vira uma loucura, os ônibus custam a chegar. Tem que aprimorar, colocar ônibus nas ruas e atender a população. Transporte público é muito complicado em Vitória. Ela é uma cidade limpinha, se for comparar com nossos municípios vizinhos. Paisagisticamente falando é uma cidade agradável de apreciar. Todos os bairros têm um trato melhor de uns tempos para cá, seja onde ele estiver localizado. Eu me lembro quando cobria matérias pra televisão eu fiquei muito gratificada em subir morros, por exemplo, e ver tudo urbanizado, com ônibus passando, quadras de esportes em atividade. Claro que tem o lado negativo, como o narcotráfico, essas coisas…
– A população do Brasil em geral está envelhecendo um pouco e por aqui o mesmo ocorre apesar de você ver muito jovem ainda em Vitória, nas ruas pelo menos é o que você mais vê. O idoso parece sair menos e não parece haver uma política pública voltada para a chamada terceira idade, quer dizer aqui em Vitória. De vez em quando lembram que o idoso precisa de melhor atenção, mas eles mesmos não agem. Nem nos ônibus ele é respeitado. O direito do idoso não é respeitado por aqui, ele é tratado como descartável.
– Quanto à segurança esse sim é um problema muito sério em Vitória. Ando sempre sobressaltada nas ruas, a pé ou dirigindo. Outra coisa desagradável é a poluição. Impressionante como as autoridades, há anos e anos, falam que a poluição está diminuindo. É aquele maldito pó de minério que não sai da vida da gente. Imagine nossos pulmões. Não vejo mudança, só falatório. Outro absurdo é a falta de fiscalização quanto às descargas dos carros e caminhões circulando pela cidade, soltando uma fumaça flagrantemente venenosa.
– Penso eu que em alguns bairros, onde há algum tempo as associações de moradores são mais organizadas, você encontra um cidadão mais consciente. Mas é muito incipiente. Eu acho que tudo passa pela educação, onde se constrói um cidadão, um cidadão crítico, que opera em seu universo, que conhece sua história, valoriza seu papel. E nesse sentido acho que a escola municipal não está cumprindo o papel dela. Ainda estamos numa educação tradicional curricular, alienante. Os nossos universitários, por exemplo, na época da ditadura, tinham aquele papel de combater o regime; agora, são um pouco alienados, não há mais a preocupação de intervir no processo político do país, na política da cidade. A única coisa que o universitário pensa hoje é no mercado de trabalho e dar um jeitinho de se encaixar nesse mercado, arranjar um estágio, um espaço pra trabalhar, porém sem pensar nos fatos que influenciam a formação desse mercado e que ele poderia intervir nesse processo. Não percebo um lado crítico nos estudantes de hoje.
– A cara de Vitória pra mim é o Penedo, aquele trecho da Avenida Beira Mar; isso nunca sairá de minha memória.
– Eu recomendaria à nossa cidade, tão bonita e cheia de atrativos, que evitasse ser explorada e espoliada pelos que estão chegando por aqui.
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