Seu príncipe está lá dentro, A senhora onde é que está? A senhora dona Elsa Sempre mostra o que é: |
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É uma gata espichada Na boca do jacaré. |
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Conhecido também pelos nomes de “Senhor príncipe” e “Seu príncipe”, este é um dos velhos brinquedos de roda em nossa terra capixaba. Sentimos, entretanto, estar ele cedendo o passo a outras rodas que às crianças parecem mais modernas, como “O pião”, o “samba lêlê”, o “Eu vi uma pastora”, o “Meu irmão”, “Meu limoeiro”, o “Quebra, quebra, gabiroba” e outras.
Recolhemos versões em vários municípios do Estado, mas poucas são as variantes: “O príncipe está lá dentro”, “Senhor príncipe está lá dentro”, “Se o seu príncipe…”, “Seu prince…”; “A senhora está, está”, “A senhora estão, não está”, “A senhora cá está”; “Sempre amostra o que é”, “Que se mostre o que é”.
Alexina de Magalhães Pinto, em Os nossos brinquedos (p. 60), registra a seguinte variante de Minas, sob o título “Olha o bicho”:
Olha o bicho Que está lá dentro, Senhoras, deixá-lo estar, Senhora D. Fulana Sempre mostra o que é: É uma gata espichada Na boca do jacaré. |
A variante musical mineira difere da nossa em dois pontos: falta-lhe completamente a primeira parte, e a Segunda, embora seja de igual motivo, é cantada em ritmo bem diverso que, por ser menos espontâneo e menos condizente com a vivacidade da letra, torna, a nosso ver, mais desgraciosa a cantiga.
Também difere da nossa a maneira de brincar a roda na variante mineira, pois a esta falta a parte rítmica dos saltos da “gata espichada” e da sua escolhida — movimentação que dá tanta graça e ruído à versão capixaba.
Modo de brincar: Faz-se a roda bem aberta; no centro, isolada, uma das crianças. As outras, de mãos dadas, vão rodando e cantando até “A senhora dona fulana (nome da do centro) sempre mostra o que é”. Aí param todas, repetindo muitas vezes: “É uma gata espichada / na boca do jacaré”, estrepitosamente, acompanhando o canto de palmas na cadência da melodia. Enquanto isso, a criança do centro põe-se diante de outra da roda por ela escolhida, e ambas saltas várias vezes, abrindo e fechando os braços e as pernas, como polichinelos, ao ritmo do compasso binário da cantiga. Recomeça-se a roda, indo para o centro a escolhida, e assim até que todas as crianças tenham sido a “gata espichada”.
[SANTOS NEVES, Guilherme (pesquisa e texto), COSTA, João Ribas da (notação musical). Cantigas de roda. Vitória:Vida Capichaba, 1948 e 1950. (v. 1 e 2).]
Guilherme Santos Neves foi pesquisador do folclore capixaba com vários livros e artigos publicados. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)
João Ribas da Costa foi professor no interior do Estado do Espírito Santo.