Guilherme Santos Neves na Rádio Espírito Santo, início dos anos 1950. |
GUILHERME SANTOS NEVES nasceu em Porto Final, vilarejo no distrito de Mascarenhas, município de Baixo Guandu, ES, em 14 de setembro de 1906, e faleceu em Vitória, em 21 de novembro de 1989. Foram seus pais o médico João dos Santos Neves, de São Mateus, ES, e Albina Gonçalves Morgado da Silva, de Leça da Palmeira, Portugal.
Fez os estudos primários no Liceu Filomático e secundários no Ginásio do Espírito Santo, ambos em Vitória. Bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro em 1930. Casou-se em 1932 com Marília Monteiro de Almeida, filha do engenheiro Ceciliano Abel de Almeida e de Dinorah Monteiro de Almeida. Tiveram três filhos: Luiz Guilherme, nascido em 1933; João Luís, em 1936; e Reinaldo, em 1946. Foi professor de Português no ensino secundário de Vitória e de Literatura Portuguesa na Universidade Federal do Espírito Santo e na Faculdade de Filosofia de Colatina, além de juiz classista na Junta de Conciliação e Julgamento de Vitória.
Pesquisador do folclore capixaba desde a década de 1940, começou a publicar seus textos no jornal A Tribuna, de Vitória. Em 1946 fundou o Centro Capixaba de Folclore, vinculado à Academia Espírito-santense de Letras; em 1948, a Comissão Espírito-santense de Folclore, de que foi secretário geral, à frente de uma seleta equipe de pesquisadores formada por Renato Pacheco, Hermógenes Lima Fonseca, Christiano Fraga, Eugênio Sette, Eurípides Queiroz do Valle, José Leão Nunes, Maria Penedo, Jair Dessaune, Fausto Teixeira e outros. Também em 1948 fundou o boletim Folclore, do qual foi editor até o seu último número, lançado em 1982.
Suas atividades de pesquisa do folclore capixaba cobriram quase todo o território do Estado e resultaram em centenas de estudos sobre as mais diferentes manifestações folclóricas, bem como em milhares de fotografias, inúmeras gravações em áudio e vários filmes.
Foi um dos onze membros do Conselho Nacional de Folclore, juntamente com Câmara Cascudo, Renato Almeida, Edison Carneiro, Manuel Diegues Jr., Théo Brandão, Rossini Tavares de Lima, Dante de Laytano e outros. Foi membro da Academia Espírito-santense de Letras, onde ocupou a cadeira de José de Anchieta, e do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES).
Colaborador assíduo da imprensa capixaba, manteve, nos anos 40, coluna no jornal A Tribuna (“Dois dedos de folclore e de linguagem”, sob o pseudônimo Gil Brás) e, nos anos 50, na revista Vida Capichaba, da qual foi um dos editores, e no jornal A Gazeta, onde publicou centenas de artigos sobre os mais diversos assuntos, principalmente folclore e literatura. Produziu, no inicio dos anos 50, na Rádio Espírito Santo, o programa “Penedo Vai, Penedo Vem”, para divulgação do folclore capixaba.
Entre suas obras publicadas destacam-se as seguintes:
Cantigas de roda, volume I (1948), em parceria com João Ribas da Costa;
Cancioneiro capixaba de trovas populares (1949); Cantigas de roda, volume II (1950), em parceria com João Ribas da Costa; Alto está e alto mora: Nótulas de folclore (1954); História popular do Convento da Penha (1958, reeditado em 1999 pelo IHGES); Ticumbi (1976, publicação da Funarte); Folclore brasileiro: Espírito Santo (1978, publicação da Funarte); Bandas de congos (1980, publicação da Funarte); Romanceiro capixaba (1983, co-edição Funarte/UFES, reeditado em 2000 pela Prefeitura de Vitória); Visão de Anchieta (1997, publicação póstuma patrocinada pelo IHGES).
É autor, em parceria com Paulo Vellozo e Jayme Santos Neves, de uma obra de poesia fescenina, Cantáridas e outros poemas fesceninos, composta nos anos 30 e publicada em 1985 pela UFES, com estudo introdutório de Oscar Gama Filho.