Homens da lei (alguns)
tentam fazer com que a Constituição
e este ou aquele
código jurídico
abertos a seu bel-prazer
façam boquete com eles,
tudo fluindo liso e doce
como mel.
Curioso:
quando buscam
esse prazer mais do que oral,
usam a boca
(veja)
numa verboralidade,
apesar de caríssima, deveras
sádico-banal.
Escorregam a língua
para lá
se ela deve estar aqui,
para ali
se ela deve lá cantarolar
e assim
ou em tais ocasiões
procuram fazer a lábia deles
salivar bem
a serviço de uns tantos
voyeurvilões,
bons clientes seus
que apreciam gozar apenas
fora
de jaulas.
Homens da lei
que – sim – frequentaram direito
as suas devidas aulas.
Alguns?
Muitos: mulheres legais
(por que não?) também
querem boquete
etc.
e assim
ou em tais ocasiões
procuram fazer a lábia delas
salivar bem
de novo a serviço de uns tantos
voyeurvilões,
iguais clientes bondosos seus
que nunca apreciam gozar
dentro
de jaulas.
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Lino Machado é poeta e professor universitário. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)