Nome: J. F.
Bairro onde mora: Praia do Canto
Bairro onde trabalha: Praia do Canto
Profissão: chaveiro
Naturalidade: Cariacica
Idade: 43 anos
Tempo de residência em Vitória: 20 anos
Tempo que trabalha em Vitória: 20 anos
Estado civil: casado
Filhos: 1
O que você acha da cidade de Vitória como ambiente para se viver?
– Eu acho meio apertado, o espaço é pouco. Na maioria dos lugares. É bonita, é bem desenhada, mas a maioria dos lugares, eu acho apertado. De todos os bairros, eu gosto daqui mesmo, que é onde eu moro, trabalho, convivo com as pessoas, é bem determinado. Gosto do ambiente. Eu gosto de ir à Ilha do Frade, acho muito bonito ali, o bairro, as praias, tudo.
Como você se relaciona em Vitória? É fácil fazer amigos, namorar? Qual é o perfil do capixaba?
– O capixaba é bem aberto, depois de você conhecer, vai se abrindo cada vez mais. É fácil fazer amizade em restaurante, bar, em praça, são locais bons de se fazer amizade. Tem uns que não são tão assim. O mineiro é bem mais aberto, mas aqui é cheio de mineiro, então acho que a gente pegou isso deles.
O que você acha do custo de vida?
– Tá melhorando, de uns 20 anos pra cá melhorou, a realidade que eu estou vivendo, melhorou, tá razoável. Agora, emprego é mais difícil, você consegue trabalhar em bar, lojista, mas emprego bom tá difícil. Loja, restaurante, abre e fecha todo dia. Pra mim melhorou porque quanto mais a cidade cresce, quanto mais prédio, mais porta pra mim, mais chave.
Tem algo a dizer sobre o trânsito? Como você se locomove?
– O trânsito tá um caos. Eu ando muito de carro, mas não tenho andado muito de carro mais, que agora eu tenho moto, então é só moto, moto, moto. Trabalho é só moto, só ando de carro quando saio com a família, só uma vez ou outra, nem com chuva eu não deixo a moto, porque certos horários em Vitória não está dando pra andar. Tem que fazer alguma coisa, ou passarela ou túnel, qualquer jeito, porque do jeito que está não dá. É sufocante, sufocante. Fica parado, você vai ali pro lado da UFES, certos horários, mas não adianta, aqueles horários é o que todo mundo precisa. Tem que ter uma saída pra poder aliviar. Eu acho que tem que fazer alguma coisa por cima.
Você assiste ou participa das tradições que ainda restam? (procissão dos navegantes, romaria dos homens na festa da Penha, festa de S. Benedito)
– Há muito tempo atrás, há uns oito anos, eu fui na procissão dos homens e achei muito bom. Só tinha homem, tem bebedeira, mas não teve confusão não, mas é desagradável, algumas coisas. Todo lugar que é aberto ao público tem gente inconveniente no meio. Eu fui porque meu irmão foi, meu pai, meu pai vai todos os anos, meu irmão também. Eu vou à igreja também, vira e mexe vou à Catedral, na Santa Rita, na Praia do Suá, vira e mexe eu vou, eu gosto de ir à Catedral. Eu gosto de ir a igrejas diferentes pra não ficar muito visado, saturado, aquele negócio, você vai naquela igreja, daqui a pouco o padre quer que você siga aquilo ali. Eu quero ir à igreja pra poder ir quando eu quiser, não pra seguir, então eu vou aqui, ali. Eu gosto da Catedral porque acho legal lá, mais vazio, mais tranquilo, mais espaço, é bonito, lugar agradável. Eu vou à igreja aos domingos, sempre aos domingos.
E as tradições mais recentes, como o Vital, o carnaval do Centro…?
– Carnaval do Centro eu já fui, Vital também já fui. O carnaval do Centro está melhorando, está crescendo, está organizado. Já fui umas três vezes e pretendo ir de novo. Eu vou pra ver, com a família, quando eu era solteiro ia com a minha mãe. Eu não fico até o final. Eu vejo passar algumas escolas, até tarde eu não fico porque tenho medo. Não tenho nenhuma escola favorita, vou lá só pra ver. Vital já fui nos primeiros, depois não fui mais. Porque eu casei, é muita agarração. A segurança do Vital é boa pra eles ali, só pra uma parte deles, agora a outra parte do outro lado acho que não é segura.
Como você se diverte? Quais lugares que frequenta?
– Eu me divirto nos bares, nas praias eu gosto de ir, praia e bar. Aqui eu vou à Ilha do Boi, geralmente no meio da semana, mas prefiro ir pra fora, Manguinhos ou Setiba que eu gosto de ir. Curva da Jurema eu não gosto, Paula [minha mulher] gosta, mas eu não, o mar é sujo, o pessoal estranho, bebe fica nervoso, anda de faca, passa muita lancha, jet-ski, é uma enseada, ali não devia nem passar barco nem nada porque ali as pessoas nadam, treinam, tem triátlon, essas coisas. Bares eu vou a todos, mas vou mais nos menos chiques, mais baratos. Eu me sinto mais à vontade, não é nem pelo preço. Gosto de pegar as coisas, eu mesmo sirvo, eu mesmo boto, não gosto que fiquem me paparicando não. Eu gosto do (bar) do Henrique, do copo sujo lá de Santa Lúcia. Gosto do Parque da Cebola, levo meu filho lá, também no Parque Moscoso, mas lá tá muito derrubado, o que eu mais frequento mesmo é a Praça dos Namorados, é a única opção que a gente tem aqui no final de semana, de graça, e as coisas são baratas. O problema é a pivetada pedindo pra pagar coisa, dinheiro, Paula fica nervosa, briga com eles, bate boca. Agora você não pode comer que tem pivete na beira. Polícia fica de olho, mas não pode fazer muita coisa, não pode encostar neles.
E a vida noturna? O que se vê na noite de Vitória?
– A vida noturna no meio da semana não tem nada, segunda, terça, quarta, quinta-feira não tem nada, chega sexta e sábado tem demais, não tem equilíbrio, mas tem, tem vários bares, tem várias boates. É bom. Fim de semana tem tudo.
E os políticos?
– Políticos, continua a mesma coisa. Não fede nem cheira, nem beira, não gosto não, não sei nem dizer sobre isso. Vira e mexe tem safadeza, tem problema aí, ficam criando problema aí, só desagradam à população.
E o comércio?
– É bom, é um mercado bom. Tem de tudo, o que você procura acha, e perto do local onde você mora.
E a educação?
– Acho bons os colégios da Prefeitura, as creches. É limpo, bem organizado, é creche, posto de saúde, pediatria, que fica ali na Emescam ali, tudo junto. Criança que tem problema, estudante (da Emescam) que atende. Eu ia botar meu filho ali, mas Paula não quis, quis escola particular.
E as grandes vantagens de morar na Praia do Canto?
– É perto de tudo, um bairro ligado a outro, se você quiser você vai andando, vai de bicicleta, até no Centro da cidade, se você quiser, você vai de bicicleta, porque não é longe. A vantagem é que tudo é ali, aqui, tudo pertinho. Até mesmo as praias, quem mora nos bairros mais periféricos vem à praia, porque é perto, em termos de diversão, essas coisas, a Praça do Papa é perto. Não tem nada afastado aqui.
E os grandes problemas?
– Inundação é um problema. Acho que as ruas são muito desniveladas, muitos lugares não tem como parar, são muito apertados, você vai naquele Hospital Infantil ali, é uma imundície aquele troço, o único hospital infantil de Vitória, você para ali, não tem nem como parar o carro, não tem como subir nada ali, um aperto, um beco é aquilo ali. E o asfalto muito cheio de buraco, tem lugar aí, quem anda de moto não vê o desnível, os buracos. Agora botaram um asfaltozinho, só engambelaram. E acho que eles não fazem a limpeza direito das galerias. Aí chove e já era.
Como você definiria a sua vida em Vitória?
– Só mudaria daqui se fosse pra um lugar muito melhor, pra ganhar dinheiro, alguma coisa. Tá bom aqui, você não acha? Não troco cidade grande por Vitória. Fui pro Rio, fiquei uns 15 dias, muito grande, não dá não. Aqui tem mar, tem praia, tem tudo. Tem que cuidar, as praias estão melhorando. Esse esgoto que fizeram aí novo. Tem tudo de bom e de melhor, só que tem que cuidar da cidade. O povo só destrói, tem que fazer uma conscientização. População é complicado.
Alguma coisa mais?
– Igreja é um bom negócio em Vitória. A mãe da minha mulher vendeu um terreno que tinha e o cara botou não sei quantos mil lugares. Esses caras só andam de avião pra lá e pra cá, cheios do dinheiro, sacos e mais sacos de dinheiro. Tem um monte de religião e só abrindo igreja, abrindo igreja, não paga nada, é dinheiro fácil. Tem um braço da Igreja Católica que é a carismática, eu vou de vez em quando. Eu acho que a Católica é melhorzinha, de vez em quando tem uma coisa errada, que sempre tem alguma coisa errada. Maranata é boa também, mas tem que ir toda hora, na hora do almoço, não dá. Mas tem aquela igreja Maranata aqui em baixo, um colega meu me levou, é boa. Eu fiz a vontade dele. Mas esse negócio se eu vou parar de beber ou não vou parar de beber, isso pra mim não vale nada. É a igreja dos desesperados mesmo, o cara está todo doido, aí eles pegam o cara.
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