auxiliar de bibliotecário, 41 anos, é morador em Jardim Camburi e trabalha na Praia de Suá. Nasceu e sempre morou em Vitória. (06.07.2004)
– Eu considero Vitória uma cidade limpa e bonita. Pelo menos nos bairros onde moro e onde trabalho. A gente sempre vê o pessoal limpando, pelo menos nas áreas nobres. O Centro também não é muito sujo. No meu bairro, a coleta de lixo é diária, menos no domingo. População de rua só se vê no Centro. As pessoas estão sempre pedindo dinheiro, nos sinais… E a cidade é bonita. A topografia é muito bonita, o mar, as montanhas, tudo pertinho…
– Vejo mais jovens nas ruas e de mais idade do que idosos, apesar de que o país está ficando com mais velhos… Ultimamente com essas novas leis de melhoria pra terceira idade, a gente vê muito idoso andando de ônibus, nas praias mesmo, no calçadão. No shopping tem bastante. Na rua tem também, mas nem tanto. Depende das áreas. Na cidade, a gente vê mais idosos. Eles são acostumados a comprar no Centro, já conhecem o comércio lá, principalmente naquela área da Vila Rubim… Mais por tradição. Os velhos nos shoppings vão mais pra passear. Até os jovens também vão mais pra passear.
– Vitória é considerada pelas Nações Unidas como uma das cidades que mais têm parques e jardins, pela área que ela tem. Inclusive no meu bairro inauguraram agora a tal da Fazendinha, bacana pras crianças, tem animais, pôneis, charretes… Eu aproveito mais a Praça dos Namorados e a Fazendinha onde vou com minha namorada. Já fui também ao parque da Fonte Grande. Na Pedra da Cebola também já fui… Muito bom, tem eventos culturais…
– Eu não tenho muito relacionamento com as pessoas na rua não, só mesmo com o pessoal do meu condomínio. Mas aqui na Praia do Suá, onde trabalho, me relaciono mais com as pessoas, mais pelo tipo de trabalho, coisa pública, você sabe… A gente sempre encontra as pessoas na rua. Quando a gente mora assim em condomínio, em prédio, todo mundo fica mais isolado, fica muito isolado, e as pessoas são muito fechadas… Acho que por causa de segurança… Não é como um bairro assim de casas, só famílias, como Ilha de Santa Maria, onde minha namorada mora, as pessoas são mais unidas, ficam do lado de fora na calçada, conversam… em Maruípe também.
– Essa coisa de jardim e horta da comunidade, sem ser da Prefeitura, só vi em São Pedro, onde os próprios moradores têm em casa, principalmente plantas medicinais. Agora animal na rua, tem muito é cachorro, em Vitória toda, mais cachorro; em algumas regiões, mais carentes, tem cavalo. Em áreas nobres não tem muito animal solto.
– Vitória não é cara nem barata. Tem essa coisa da influência do Rio, Belo Horizonte… Táxi em Vitória é muito caro. O comércio em geral depende da região… Nas áreas nobres tudo é mais caro, já nos bairros carentes as coisas são mais baratas… O acesso ao dinheiro, quando se tem, é fácil. Muita máquina; em Jardim Camburi tem dois bancos…
– No horário em que eu uso ônibus, as coisas são fáceis. Só na hora do pico é que fica difícil… Eu sempre vou sentado… Lá pelas 6, 7 horas, é complicado, o trânsito é lento, na Enseada do Suá, em Camburi…
– Essas coisas de Procon, juizado de pequenas causas, funcionam bem. Pelo menos pras pessoas que eu tenho visto recorrer, tem dado resultado… Essa parte de chamar polícia também é rápido… Mas a segurança nos bairros nobres é maior. Inclusive essa Guarda Municipal que acabou de ser criada, tá atendendo primeiramente, principalmente, os bairros nobres, deixando a periferia de lado. Agora, a gente vê violência nas ruas, muito assalto, pequenos furtos, não só com pessoas, mas no comércio também… Droga também. Inclusive no meu condomínio tem droga, e roubo. Há pouco um apartamento perto de casa foi roubado… Tem muito adolescente que utiliza drogas. Já passei perto de apartamento que tinha gente usando maconha. A gente sente o cheiro, o resto não sei. A gente ouve o comentário de outros moradores falando sobre crack, essas coisas; ver mesmo nunca vi, só senti o cheiro…
– Considero que Vitória tenha lazer, pelo menos o mais básico, os passeios em parques, nas praias e cinema, alguma peça de teatro, se bem que a gente só tem praticamente dois teatros, o Galpão e o Carlos Gomes. As festas populares que mais acontecem é o Vital e a festa de São Pedro, aqui na Praia do Suá, já estão no calendário da cidade; tem também os shows da Praça do Papa e alguns eventos que a Prefeitura promove na Praça dos Namorados e na Pedra da Cebola…
– Quanto aos meios de comunicação, somos bem servidos, tem os jornais, a televisão e as rádios… Tudo regular… Vitória também não tem muita notícia pra ser explorada… Os jornais são repetitivos… Já o esporte tem muito evento. Até no condomínio onde moro tem evento esportivo pra crianças, tem também torneios no bairro, e sempre na cidade tem um evento esportivo de destaque, o futebol de areia, futevôlei.
– Falando de saúde, acho que no caso da Prefeitura os postos funcionam bem; já o estado, não. Conheço gente que teve que entrar na justiça pra receber remédio… No posto de saúde sempre fui bem atendido… O atendimento do estado não sei, pois tenho plano de saúde. Mas pelo que vejo nos jornais, a coisa é feia. Educação também, no município funciona melhor. Pelo menos no município de Vitória, a Prefeitura investe bem, as escolas funcionam bem… No meu bairro tem muita escola particular, tem o Nacional, o Salesiano, tem o Darwin, o estado tá construindo uma escola de segundo grau e a Prefeitura tem duas escolas… Tem posto de saúde, tem hospital particular, a Maternidade Santa Paula, atende também outras especialidades, em frente ao condomínio Santa Paula…
– Pra comer tem muita coisa. Temos dois supermercados, o EPA e o Champion e vão construir o Carone. Tem muita pizzaria, lanchonete, tem churrascaria. Quanto à poluição, já esteve pior. Com os investimentos da Vale e da CST, a coisa melhorou. Inclusive tem um posto de monitoramento da poluição da Prefeitura, que funciona no posto de saúde. A comunidade participa bastante. Inclusive tem um jornal do bairro. Tem creche, tudo da Prefeitura.
– Racismo, preconceito, tem, tem… Alguns são bastante explícitos, outros mais discretos, mas que tem, tem… A gente sente… Apesar de ter diminuído bastante, sabe, a mídia divulga esses preconceitos, mas no íntimo mesmo as pessoas são preconceituosas. Elas ocultam. A grande maioria oculta, mas se você chegar intimamente numa pessoa você vai perceber que ela tem preconceito. Se você tocar no assunto, ela se abre.
– O capixaba é meio passivo. A população é pacífica. Só mesmo em época de eleição, quando a imprensa divulga alguma coisa, a população participa mais, através de certas organizações, a OAB, por exemplo, aí questiona. Mas no fundo a população é passiva. Falta uma conscientização maior, até minha mesma, talvez uma educação maior, uma educação política boa… Tem que prevenir, uma educação…
– Vitória tem atração turística e acho que o turista é bem tratado aqui, ele fica satisfeito… Durante o dia tem as praias, os shoppings, os parques, e à noite tem bares, boates, apesar de serem poucas. Os preços aqui devem variar na média do Brasil. E eu vejo turistas circulando. No meu bairro mesmo tem dois hotéis, tem o Porto do Sol e tem um apart-hotel. No trecho que venho para o trabalho, sempre vejo ônibus em frente aos hotéis. Deveria ter mais. Vitória é muito mal divulgada. A gente recebe muita informação das coisas de fora. A revista Veja, por exemplo, tem muita coisa dos outros estados e daqui você não vê. É muito raro.
– Agora pra Vitória, recomendo educação. É a moral e a ética. É a prevenção. Com educação e prevenção as coisas melhoram, evita-se doenças, se alimentarem melhor, mais exercícios físicos… Aí não precisaria que essas pessoas ficassem lotando os hospitais sucateados… Mas há muita gente de outros municípios. Era pra atender mais o pessoal de Vitória. A gente precisa de mais educação.
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