Meu
irmão gêmeo
tanto
quanto eu
adora
oh
o
mundo fêmeo.
Mas meu
irmão gêmeo
de
veras
traça:
nunca às traças
não passa
erradamente
por
abstêmio.
2ª.
Minhas células –
meu sangue —
meus líquidos —
meus leites —
meus ossos —
minha carne —
minhas cáries
e mais des
troços
do corpo —
a
penas
dizei por quê,
por que mania
infernal
afinal
fazeis poemas
nos meus já
tão parcos dias
dis
putados
entre as Parcas
e o Orco.
3ª.
O soro
anti
ofídico
já me sarou
da língua
peçonha
de certas pessoas
problema
enquanto vou.
O soro
ou
nem +
nem –
do que agora
(posso dizer?)
humano
imunizado
eu sei que sou.
4ª.
Sonhei:
nada menos
do que mais um
re
nascimento
de
Vênus.
Sonhei assim.
Somente
eu,
rara
senhora?
Se não, resp
onda, por
Zeus:
qual sinal
será mais claro
agora?
(Sonhei:
para todos
os lados.
A
cor
dei
res
pingado.)
5ª.
Vi
en
fim
qual
era
e era tal
que eu não
quis
meu nariz
junto ao dela,
mera atriz
(decep
ção)
mais histérica
do que erótica
na sua
atua
ção.
6ª.
“Quem
me
diz: — Pára! — ?”
suss
urrou
mais de uma
vez
ela
que já era
para lá
de estagi
ária
como
sui
cida.
Porém
também
por mim
sua
mensagem
ur
gente
foi sem
pre
inou
vida.
7ª.
Como tu
eu sou vário
mas não tantos
que se contem
como cartas
de baralho.
Por exemplo
o meu eu
financeiro
é apenas
um bancário,
não banqueiro,
caro Mário
ou trezentos
e cinqüenta:
“milionário”.
8ª.
Contribuo
com minha tribo:
canto, danço,
rio
até vir a des
fale
cer.
Para
ser
dessa micro-urbe
rude
não sei mais
o
que di…
(digo) fa
zer.
[publicado originalmente no site em 2004]
Lino Machado é poeta e professor universitário. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)