Que tempos são estes em que uma conversa
sob as árvores
é mesmo um crime terrível
porque não é apenas
uma conversa
sob as árvores,
mas uma floresta inteira
mais múltiplas florestas cerradas
em que conversas e folhas
se convertem em verdadeiros bilhões
não de palavras,
porém de cifrões, cifrões?
Que tempos são estes
em que galhos de frases
(“operações estruturadas”)
são verdadeiras fraudes?
“Ora,
amáveis Senhoras e Senhores”
(argumentaria o Sr. Tempo em pessoa),
“a era
que chamam de Agora
saibam do óbvio ou que ela não é
muito diversa das que foram,
os outroras
com suas sanhas, fúrias
e falcatruas variadas, embora as futuras
com seus frutos maduros
ou podres
ainda não estejam sob a minha alçada.
Eu
é que ora pergunto:
também estarão viciadas
as cartas
que amanhã se manipulem
na direita, no centro e na esquerda das mesas?
Nada
em que eu faça uma aposta
(para variar)
é a minha eterna resposta.”
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Lino Machado é poeta e professor universitário. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)