Entrevistado: Aldezir Bachour
Entrevistador: Vanessa Brasiliense
Vila Velha, 13 de dezembro de 2011
Local e data de nascimento: nascido em 10 de setembro de 1928, em São Jacinto naquela época era distrito de Santa Tereza, hoje São Roque do Canaã.
VB: O senhor é descendente de família libanesa?
AB: Meu pai era libanês; e minha mãe, filha de italianos, da família Pretti que, na época era uma família grande espalhada por em Santa Teresa, Vitória e Colatina.
VB: E sua profissão?
AB: A Vida inteira, até 1973, fui exportador de café.
VB: E atualmente?
AB: Atualmente me aposentei, tomo conta dos imóveis, que possuo, e não tenho comércio nenhum mais.
VB: Como o Sr conheceu Olympio Brasiliense?
AB: Olympio Brasiliense, eu o conhecia há muito tempo, de vista. Depois, quem aproximou Olympio Brasiliense da nossa turma, foi Edgard Gomes Feitosa, um jornalista de “A Gazeta “ amigo íntimo meu e de Olympio Brasiliense.
VB: Isso em que data, o senhor lembra?
AB: Não posso precisar, mas calculo que foi por volta de 1950.
VB: Mas como se estabeleceu esse relacionamento, essa amizade?
VB: Nós nos encontrávamos às sextas-feiras: eu, Edgard Feitosa, Codé Bonfim, Bizinho o Almir Duarte Barreto, Lauro Ribeiro. Éramos 5 ou 6 e nos encontrávamos no Hotel Sagres, onde sentávamos e tomávamos alguma coisa. Olympio gostava de uma cerveja. Um dia chegou lá, estávamos nós lá sentados conversando – “hoje vou tomar guaraná!” Tomou guaraná e passou mal, não estava acostumado com essa bebida, e passou mal.
Ali também era lugar de discussões, e Olympio discutia vários assuntos com Sarlo, um amigo nosso. Olympio quando tratava de algum assunto, ia até o fim, e não admitia que ninguém o interrompesse, defendia aquele assunto. Ele discutia muito com Flamínio Sarlo, um corretor de câmbio. A discussão, de tão acirrada, colocava em dúvida amizade deles, porém, quando a conversa acabava, tudo se normalizava e a amizade era a mesma.
VB: O que o senhor sabe da vinda de Olympio Brasiliense para Vitória?
AB: A trajetória de Olympio Brasiliense de Belo Horizonte para Vitória foi devido ao apego e á amizade que existia entre ele e os filhos de Florentino Avidos, na época, governador do Estado. Em Minas, eles estudaram engenharia. Moraram na casa de Olympio e viviam juntos o tempo todo.
VB: O senhor sabe em que faculdade Olympio estudou?
AB: Minas Gerais e Ouro Preto também.
VB: Quem eram os amigos de Olympio Brasiliense?
AB: Sílvio Avidos… eram dois…
VB: Foram os amigos de Olympio que o trouxeram para Vitória. Isso gerou muito ciúme, pelo fato de Olympio ser dotado de vastas concepções, afinal era ele dono de uma sabedoria inigualável. O conhecimento dele ia além do conhecimento dos colegas. Com o passar do tempo, ele se colocou entre o pessoal, passando o que sabia de seu ofício para os outros colegas. Naquela época já estava nos planos de Olympio a retirada dos casarões velhos de Vitória e a edificação de novas construções.
VB: O senhor se recorda em que época ele veio para Vitória? 1924, 1925…
AB: Não, nessa época eu não existia. Ele era mais idoso do que eu.
VB: Sobre os projetos de Olympio Brasiliense, o senhor lembra-se de algum? Tem conhecimento?
AB: Sobre os projetos de Olympio, o que eu sei é que ele era muito procurado no sul do Estado, Cachoeiro e Alegre. Como profissional, Olympio não falhava. O conhecimento que tinha era passado adiante e os companheiros absorviam essa sabedoria, a qual os ajudava a exercer as suas funções.
VB: E a vida profissional de Olympio como foi?
AB: Como profissional Olympio Brasiliense era infalível e usava esse conhecimento para repassá-lo aos colegas, que os absorvia no exercício de suas funções.
VB: E quanto aos amigos?
AB: Entre os amigos, estava Alevino Basset, um construtor, que seguiu os ensinamentos de Olympio Brasiliense, o “know haw” de construções.
VB: Sobre aquele prédio Bachour, no Parque Moscoso, eu encontrei entre os projetos do Olympio, exatamente naquela localidade, o prédio de 8 a 10 andares, o Edifício Bachour foi projeto de Olympio?
AB: Sobre o Ed. Bachour, no Parque Moscoso, eu não me recordo se foi projeto de Olympio.
VB: No local onde esta esse edifício foi encontrado um projeto, mas sem identificação do proprietário. A construção do edifício foi o meu pai e, certamente, o projeto deve ter sido de Olympio, pelo fato de ter tido conhecimento com o senhor seu pai.
AB: Deve ter sido sim. Aquilo foi papai quem fez aquele negócio, eu era novo naquela época.
VB: Aquele prédio o senhor acredita que tenha sido projeto de Olympio?
AB: É, é.
VB: Então Olympio conhecia o senhor seu pai?
AB: Deve ser isso. Papai sabia dos nossos conhecimentos, o tempo todo.
VB: De um modo geral, o que o senhor gostaria de acrescentar sobre Olympio?
AB: Sobre o Olympio, o que posso acrescentar é o seu jeito correto de ser mesclado a um companheirismo ideal. Olympio foi um exemplo para todos que com ele conviveram.
VB: Como o senhor definiria Olympio Brasiliense?
AB: Nos tempos modernos com tantas novidades, certamente, Olympio se enquadraria, dada a sua inteligência aos seus conhecimentos e a sua flexibilidade em relação às inovações, às mudanças. Seria ele um homem de vanguarda, no campo da elaboração de projetos de construção.
VB: Olympio era adepto a mudanças, a novidades, a novas tecnologias?
AB: Olympio era um homem flexível, que se adaptava às mudanças e tinha uma mente voltada para as novas tecnologias. Dentro do conhecimento que ele construiu na engenharia da construção ele tinha domínio e facilmente esses saberes eram repassados àqueles que lhe eram caros. Para os amigos ele sempre estava disposto a colaborar, dando a sua contribuição no sentido de enriquecê-los profissionalmente.
VB: O senhor é da família Pretti. Aquela residência do Mário Pretti foi projeto do Olympio?
AB: Aquela residência do Mário Pretti, provavelmente fora projeto de Olympio. Mário apenas morava naquela propriedade da qual ele não era dono. Aquilo fora uma negociação dum Volpini, que tinha com Mário um compromisso. Digo que Olympio dói o mentor daquela construção porque ele era muito solicitado.
VB: Olympio era muito solicitado lá em Cachoeiro de Itapemirim e Alegre.
AB: Sim.
VB: O projeto da casa do Sr. Jorge, por sinal uma belíssima residência; o hospital de Alegre; a urbanização dessa cidade…
AB: Olympio era levado para lá pelo amigo do Mário Pretti, que vinha, buscava Olympio e levava.
VB: Há algum fato marcante do grupo de amigos que o senhor queira registrar?
AB: Era uma grupo de amigos os quais se encontravam às sextas-feiras. Todos eram amicíssimos de Olympio: Eu, Feitosa, Almir Duarte Barreto, Bizinho, Flamínio Sarlo, Paulo Ribeiro, Mário Ribeiro, Alevino Basset, Durval Avidos. Esses eram os que sempre estavam com Olympio, e entre eles havia uma cumplicidade, apesar de cada um desenvolver a sua atividade profissional. Edgard Feitosa era cronista de “A Gazeta”, morava no último andar do edifício do cine Glória.
Pimpinho! Nós o chamávamos Olympio, de Pimpinho. E ele atendia como Pimpinho. Quem gostava muito dele era Almir Duarte Barreto, morava lá no final da Capixaba. Bizinho ele era contador de uma firma que não me lembro mais. O Alevino Basset tinha uma firma de construção que ele dava assistência.
VB: A Albamar?
AB: Albamar.
VB: Olympio dava assistência à Albamar?
AB: Não, pessoal, não à firma. Ao Alevino, que vinha procurá-lo, ele auxiliava.
VB: Ele não quis mais voltar para Belo Horizonte ele ficou por aqui mesmo. O senhor sabe se lembra por quê? Teve algum acontecimento? O senhor disse que ele amava vitória.
AB: Ele tinha muita amizade ao filho do Avidos casado com Dona…
VB: Durval Avidos
AB: Amicíssimo de Durval Avidos
Qualquer problema dele, ele batia lá para a casa do Durval Avidos. Chegava lá, às vezes à noite mesmo, ele chegava lá e sentava na varanda – Maria! Maria! Maria era a mulher do (Durval) Avidos, aí abria e conversava e tal. A amizade continuou. A amizade dos Avidos foi através do Durval Avidos.
VB: Qual a relação Del Olympio com Vitória? Qual a impressão que ele tinha da cidade?
AB: Vitória para Olympio era lugar para viver. O sujeito vinha para cá através do Exército, do Banco do Brasil, a fim de trabalhar e aqui ele se estabelecia. Olympio Brasiliense amava a cidade, a qual o encantava pelas qualidades do lugar. O seu ofício na cidade de Vitória dava-lhe dinheiro, mas não era por isso que ele gostava tanto desta cidade.
VB: No centro de Vitória o senhor fez referência a uma região que foi demolida, que passou por uma urbanização, onde foi?
AB: Houve, em Vitória uma região a qual ele demoliu. Foi a dos Guimarães, que fica na região dos Correios.