1.
Atrás dessa
escritura de cobre,
atravessa
a margem, a beira, o rio,
tua ausência terna,
a que leva
camadas de dobras
indefinidamente.
2.
Se escrevo
em metal,
atravesso
o conto, a conta
que recorda o fio
que reencontro
no canto, na concha
de tua sombra
nebulosamente
aqui, a sós,
na frase cortante
de metal
e alma.
3.
Atravessa-me
o passo
de tua ausência
incandescente.
(se escrevo
linhas em cobre
é para reter
na teia
a palavra
que adivinhe
a raiz, o sumo, a noz
de teu nome
lindo e
árido
de luz).
Atravessa-me
o gesto,
o jeito
de tua paisagem
ínfima e
fulgurante.
E ardo.
E fremes.
E passo.
[Poema inédito reproduzido com autorização do autor.]
———
© 2017 Texto com direitos autorais em vigor. A utilização / divulgação sem prévia autorização dos detentores configura violação à lei de direitos autorais e desrespeito aos serviços de preparação para publicação.
———
Paulo Roberto Sodré, nascido em Vitória em 1962, é poeta, escritor, pesquisador e professor universitário de Literatura na Ufes, com vários livros e artigos publicados. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui.)