P’ro palco dos meus versos hoje puxo
Um nordestino de cabeça chata,
Que diz a todo mundo ser gaúcho,
Dês que a revolução firmou a pata.
Nas lides da imprensa o bom repuxo
Susteve na Gazeta sem bravata,
Não procurando encher o próprio bucho
Quando a vitória veio, na batata.
Possui do sertanejo a nostalgia
E alma e coração de violeiro,
Que geme na viola com magia.
Depois de suculenta feijoada,
Canta com sentimento “O Jangadeiro”
Lacrimejando os olhos na toada…
[In Roda de perfis, Rio de Janeiro: Pongetti, 1935. O livro reúne uma série de poemas de autoria de Jones dos Santos Neves e de Francisco Sarlo e satiriza, com bom humor, os companheiros do Rotary Club de Vitória. Todos os poemas aqui transcritos são de autoria de Jones dos Santos Neves, que utilizou o pseudônimo de Jota-Esse.]
Jones dos Santos Neves graduou-se em Farmácia no Rio de Janeiro e, de volta a Vitória, casou-se, em 1925, com Alda Hithchings Magalhães, tornando-se sócio da firma G. Roubach & Cia, juntamente com Arnaldo Magalhães, seu sogro, e Gastão Roubach. A convite de interventor João Punaro Bley, em 1938 funda e dirige, juntamente com Mário Aristides Freire, o Banco de Crédito Agrícola (depois Banestes), tendo depois disso seu nome indicado juntamente com o de outros dois, para a sucessão na interventoria. Foi então escolhido por Getúlio Vargas como novo interventor, cargo em que permaneceu de 1943 a 1945. Em 1954 retomou seu trabalho no banco, chegando à presidência, sendo, em 1950, eleito governador do estado. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)