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R.M., diarista

Bairro onde mora: Nova Rosa da Penha, Cariacica
Bairro onde trabalha: Praia do Canto, Praia da Costa
Profissão: diarista
Naturalidade: Vila Velha
Idade: 48 anos
Tempo de residência em Cariacica: 33 anos
Tempo de trabalho em Vitória: 30 anos
Estado civil: casada
Filhos: 8 filhos e 13 netos



O que você acha da cidade de Vitória como ambiente para se viver?

– Eu acho bom, tirando a criminalidade que é geral, a falta de emprego empresarial, que não existe para mulheres e dificilmente para homens. Saúde não existe, a não ser particular. E deveria ser bem melhor, pelo menos um pouco mais. Educação anda bem. Segurança, péssimo; é bandido solto e trabalhador preso. Prostituição de menor, tráfico de drogas. Desemprego gera violência. Violência no trânsito. Fora isso tudo é bom. O resto é bom. Mas eu acho que o governador, o presidente, o senador, o prefeito têm que olhar mais pra Vitória. O resto a gente se vira.



Aspecto físico

– Tá bem, eles deram uma mudança de uns três anos pra cá. Tá bom, tá bonito, arrumadinho.



Do que você mais gosta na cidade

– A comunicação da cidade entre o povo capixaba. Não tem 100% mas se tira 80 e tá ótimo. Em São Paulo é diferente, deixa muito a desejar. Até pra depender das pessoas, de ajudar o próximo, aqui as pessoas se ajudam, compram cesta básica, às vezes, pra quem tá mais precisando. E é assim, apesar de toda a luta da vida. Segunda coisa, eu gosto do carnaval de Vitória no Centro. Porque não dá tanta violência, é um evento bom.



Melhor bairro

– Eu conheço bastante Vitória. Gosto mais da Praia do Canto, porque estou mais acostumada a trabalhar aqui. Bairro de Fátima em segundo lugar porque já morei lá.



Como você se relaciona em Vitória? É fácil fazer amigos e namorar…?

–Está bom sim. Nunca tive esse problema. Às vezes, a gente encontra pessoas amarguradas, mal-amadas, com problemas, mas comigo, eu entro no ônibus dando bom dia, eu vou com meu jeitinho. A gente sempre encontra pessoas com mau humor, mas a amizade está dentro da gente, a gente tem que falar com essas pessoas, botar pra cima. Os velhinhos, a gente diz “Oi, você está bonitinho hoje”.  Tem que ser assim, dar bom dia pra todo mundo. A gente mora há muito tempo num lugar, conhece todo mundo, fala com todo mundo. Tem que ser assim.



Custo de vida

– Depois do Lula pra cá, houve coisas que eram mais caras, arroz, feijão, baixou muito, mudou muito. Por outro lado, a saúde ficou mais cara, os exames agora você tem que pagar. Antes fazia pelo SUS.



Oportunidade de trabalho

– Ficou melhor depois dele [Lula] para o jovem. Pra pessoa com mais de 30 anos ficou difícil. Nem a Prefeitura quer mais. Opção de emprego nas empresas está difícil. Estão fechando. Uma empresa de costura fechou porque a passagem de ônibus ficou muito cara. Aí só procura gente pra trabalhar que seja do próprio bairro. Mas doméstica não tem dificuldade não.



Transporte

– É precário. Falta muito, atrasa muito. A gente acaba demorando muito no ponto, quando vem, vem cheio. É cansativo. Final de semana, então, eles tiram 50% da frota. É pior.



Você assiste ou participa das tradições que ainda restam?

– Olha; eu ia antes com a mãe, mas agora não é igual antes. Mas eram aquelas festas de candomblé. Hoje não tem mais isso, ainda bem, eu tinha um medo danado, cruz credo. Tinha muitas. Hoje tem umas festas folclóricas no bairro mesmo, eles enfeitam a escola e as pessoas fazem baile de máscaras, teatros. Hoje eu vou por causa do meu filho mais velho que faz teatro. Todo ano tem e a gente vai todo ano.



Tradições mais recentes

– Eu vou no “Carnaval de todos os ritmos”. Todo ano, vou com a família, desfilar mesmo lá embaixo, na avenida. Antes usava mais fantasia, hoje coloca um brilho, se pinta, se maquia, e vai de short mesmo. É muito bom. Tem os catadores de carteira, pequenininha briga de bêbado. Mas nada demais. É muito bom mesmo, é bom demais. Às vezes, a gente até deita na pista.



Como você se diverte?

– Às vezes eu saio pra festa da comunidade, ou a gente inventa uns eventos, umas festinhas. Aqui pro lado de Vitória, eu venho só pro carnaval, e também gosto dos eventos de Sete de Setembro. É muito bonito as apresentações da polícia. Mas já foi melhor.



Quais são os grandes problemas de Vitória?

– Os grandes problemas são os políticos. Porque Vitória era muito rica. Tinha ouro. E os governantes botaram fora, venderam pro Japão. Quem governa são os japoneses agora. Vitória era pra ser mais evoluída, porque o ouro estava dentro do estado, mas nós perdemos, botamos fora. As multinacionais que mandam agora aqui. Aí ficou pobre.




As grandes vantagens

– Pra quem gosta de praia e tem tempo. As praças dos Namorados e dos Desejos, o shopping. Mas a grande vantagem mesmo é o nome: Vitória do Espírito Santo. Até os crimes bárbaros Vitória não tem, é a Serra que tem.  Vitória do Espírito Santo, o nome é muito bonito. Quem governa e luta é o espírito santo de Deus. Como é que eles arranjaram esse nome, não sei. Não sei como eles conseguiram uma clareza no mundo. Ah! Tem o Santa Rita [hospital], que é uma das melhores coisas de Vitória. É um salvador de vidas. E não se trata só de Vitória, não. Vem gente de São Paulo, Rio, da Bahia e, lógico, do interior do estado. O pessoal trata com muito amor, e trata com muito carinho. É muita limpeza. Um tratamento muito bom. Eles dão comida boa, tudo que a pessoa está precisando, passagem. Que eu acho que nem São Paulo, nem Rio têm, porque se tivessem não precisava o pessoal de lá vir pra cá. Uma das grandes vantagens é o Santa Rita.



Como você se sente trabalhando em Vitória?

– Eu me sinto bem trabalhando aqui. Porque é perto e tem várias linhas que fazem o trajeto de Vitória.

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