Lá vem a Sinhá Marreca Com seu samburá na mão. Ela disse que vem vendendo Padinhas de camarão |
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A velha saiu da igreja Fazendo o sinal da cruz, Chorando porque não tinha Aquilo que acende a luz. |
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Quem quiser dançar o miudinho Vai na casa de “seu” Chiquinho; Ele pula, ele dança, Ele faz o requebradinho. |
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Cantiga de roda bem antiga em terras capixabas. É considerada roda velha e, por isso mesmo, vai caindo, infelizmente, no esquecimento. Se não surtir efeito a divulgação que este livrinho pretende dar, é possível que, dentro em breve, a “Sinha Marreca” tenha desaparecido totalmente do repertório das nossas rondas infantis.
É conhecida ainda em vários recantos do Estado: Vitória, Cariacica, Linhares, Alfredo Chaves, Manguinhos, Santa Teresa, domingos Martins, Guarapari, Vila de Itapemirim, Acióli e Colatina.
Variantes da 1ª quadra: “Lé vem a dona Marreca”, “Ela disse que vende sardinha / Sardinhas e camarão”, “Saldinhas e camarão”, “Empadinhas de camarão”, Sozinha de camarão”, “Sozinha ela não vem não”.
A velha saiu da igreja Com seu samburá na mão, Chorando porque não tinha Nem padre nem sacristão. Chorando porque não tinha |
Da 3ª quadra:
Lá vem o seu Chiquinho Dançando o seu miudinho Ele dança, ele pula, Ele faz seus requebradinhos. Ele toca, ele dança, |
Em certas versões, canta-se em primeiro lugar a 2a quadra. Noutras, intercalam, entre a 1ª e a 2ª, a 3ª quadrinha.
Até agora não vimos referida a “Sinhá Marreca” em nenhuma coletânea ou estudo de rondas infantis. Em Cantigas das crianças e do povo (p. 104), cita-se uma dança intitulada “O miudinho”, onde se lê o seguinte verso, idêntico ao da nossa cantiga: “Quem quiser danças o miudinho”. A música, porém, nada apresenta que lembre a melodia da “Sinhá Marreca”.
Modo de brincar: É roda de fileira. Põem-se as crianças em fila, de mãos dadas, e de frente para a que faz de “Sinhá Marreca”. Cantam todas as três quadrinhas da cantiga, enquanto a “Sinhá Marreca” faz, em mímica, tudo o que nos versos se vai dizendo: finge trazer na mão o samburá, faz o sinal da cruz, finge que chora. Por fim, ao iniciarem a 3a quadrinha, dirige-se ela, dançando o miudinho, pulando e se requebrando, até a fileira onde, postando-se em frente a uma das crianças, a escolhe para servir de “Sinhá Marreca”. Recomeça-se a roda, até “enjoar”. Também se brinca em roda fechada, com a “Sinhá Marreca” no centro.
[SANTOS NEVES, Guilherme (pesquisa e texto), COSTA, João Ribas da (notação musical). Cantigas de roda. Vitória:Vida Capichaba, 1948 e 1950. (v. 1 e 2).]
Guilherme Santos Neves foi pesquisador do folclore capixaba com vários livros e artigos publicados. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)
João Ribas da Costa foi professor no interior do Estado do Espírito Santo.