A assistência religiosa surgiu relativamente cedo na história do povoamento alemão, tendo sido decisiva para a existência e o desenvolvimento das colônias. No começo da imigração, a comunidade católica abrangia os imigrantes católicos como os católicos que não falavam alemão, estando à sua frente os religiosos da Missão de Steyl (Irmãos do Verbo Divino). Relatam-se animosidades, nos primeiros tempos, contra os imigrantes protestantes, as quais, graças à tolerância do governo brasileiro, logo desapareceram, deixando de criar obstáculos à formação de organizações protestantes. Já em 1857, veio para Campinho o primeiro religioso enviado pelo Consistório Evangélico. Em 1864, foi enviado para Santa Leopoldina um religioso da Casa Missionária da Basileia. Sobretudo após a imigração pomerana da década dos 70, e simultaneamente, com a ampliação da área de povoamento, se fundaram ou se emanciparam das comunidades matrizes, comunidades novas que se fortaleceram.
As comunidades evangélicas, em breve, enlaçavam os fiéis, com forte coerção, e dedicavam-se a tarefas sociais, principalmente à instrução. Na falta de outras organizações, que representassem os interesses da comunidade, passou a igreja a ser a expressão da vontade e do sentimento sociais. As comunidades religiosas transformaram-se num autogoverno dos camponeses, que regulava todos os negócios comunais por intermédio do respectivo conselho ou do presbítero. A fidelidade à religião ultrapassava as coisas da igreja, para abranger os interesses culturais. Poucos colonos manifestaram o desejo de sair da igreja, ficando fora dela, os chamados democratas, ou juntam-se noutras seitas (sabatistas, batistas). A vida religiosa corresponde menos a uma piedade profunda, do que à manutenção dos usos e costumes herdados, ainda hoje objeto de severa observância. Quanto isto é verdade, pudemos observar, durante nossa estada no Espírito Santo, nos ofícios divinos, batizados, confirmação, casamentos, e enterros. Ainda hoje tudo está como Wagemann relatou em seu livro.
Os pastores evangélicos desempenharam uma missão cultural, através de um trabalho pertinaz, cheio de sacrifícios, e, ainda hoje, a organização religiosa é a guardiã dos costumes teutos. Os pastores que vêm da Alemanha formam a única ponte, que liga os colonos com a velha pátria. Além do árduo trabalho na igreja e na escola e das longas e exaustivas viagens a cavalo, compete-lhes aconselhar os colonos em todas as necessidades e dificuldades da existência. Ganham, assim, uma visão segura da vida e do caráter dos membros da comunidade, ficando aptos a exercer influência profunda. Devem ser lembradas, também, as mulheres dos pastores, que atuam, como auxiliares e educadoras, não só no âmbito da própria família mas também no da comunidade.
Mas, é de importância fundamental para as relações entre o pároco e os fiéis, a sua personalidade e a atitude que assume como cura e chefe da comunidade. A vida da comunidade não se processa sem oposição e lutas internas, nas quais o pároco só consegue impor seu ponto de vista, empregando todas as energias.
É de se esperar que sejam inteiramente eliminadas as fortes animosidades que existiam entre as comunidade unidas, filiadas ao Consistório Evangélico, e as comunidades da Obra Missionária Luterana (Igreja Luterana Alemã do Brasil), em virtude de ambas as organizações se terem ligado à igreja do Reich e ao Departamento Exterior de Religião. Existe certa delimitação das duas áreas sinodais, pois a região alta é assistida, predominantemente, pelos religiosos do Consistório Evangélico, e as comunidades da região baixa, pela igreja luterana (outrora, Obra Missionária Luterana). Convém a consolidação dos dois grupos em face das tentativas de um sínodo americano (Missouri), de pregar dentro das comunidades alemãs, perturbando a unidade existente. Os missionários americanos, estranhos aos interesses étnicos alemães, não têm grandes resultados a registrar. Juntam-se a eles desertores, que não se adaptam à ordem da comunidade ou não querem pagar as contribuições como membros.
Processa-se, de outra maneira, o desenvolvimento dos católicos de origem alemã, filiados às comunidades brasileiras. A igreja católica, de acordo com a sua natureza, cuidou menos da tarefa relativa à etnia. Não faz diferença nem de nacionalidade nem de raça, brasileiros e alemães ela os une na escola e na igreja, e a língua portuguesa predomina na doutrina e no ensino. Mas ainda há, hoje, alguns sacerdotes católicos, da Alemanha, em atividade no Espírito Santo, os quais assistem, espiritualmente os colonos de origem teuta e fazem prédicas em alemão.
Apesar do baixo nível de educação dos imigrantes, oriundos da camada social dos jornaleiros, não só se uniram, religiosamente, mas também tiveram a visão da necessidade de construir escolas, embora esse problema fosse, de início, inteiramente posto à margem pelo governo brasileiro. Religiosos enviados da Alemanha deram prosseguimento à instrução pública, fundando escolas paroquiais e transmitindo as noções mais elementares, exercendo um labor exaustivo e pertinaz. Onde falta o necessário entendimento, a igreja exerce coerção (por exemplo, só permitindo a confirmação, após freqüência suficiente à escola). As grandes distâncias, a necessidade de ajudar no trabalho rural, bastantes vezes, também, a incompreensão dos pais dificultavam a regular freqüência à escola. A instrução realizada em dois dias da semana e durante 3 anos apenas, não proporciona aos alunos os conhecimentos escolares iniciais — ler, escrever, contar e religião (em família, fala-se, ainda hoje, dialeto pomerano, aceito pelos imigrantes como a linguagem dos colonos em geral. Nas chamadas “escolas de colônias”, nas zonas mais afastadas ou comunidades filiais, o ensino é ministrado de qualquer maneira, por colonos entendidos em ler e escrever, os quais arranjam, assim, um ganho adicional). Mesmo antigamente, foram poucos os colonos que ficaram sem instrução. A geração adulta de hoje, de acordo com a deficiente formação escolar recebida, dispõe, apenas, de grau muito baixo de conhecimentos gerais; lê e escreve, com dificuldade, e, durante a freqüência à escola, não recebe, praticamente, nenhuma instrução na língua do país. A maioria é capaz de ler e compreender, apenas, os versos do livro de cantos e as folhas religiosas, e poucos estão aptos a assinar um jornal (Deutsche Rio-Zeitung, Der Morgen, São Paulo) ou a ler um livro em alemão. Donativos de livros da Alemanha não atingiram seu objetivo, pois só poderiam ser apreciados e lidos pelos poucos colonos que se destacam da generalidade.
É mérito dos párocos evangélicos terem melhorado e ampliado a instrução com a ajuda dos membros da comunidade mais inteligentes. Ficamos convencidos de que muitas escolas da comunidade realizaram trabalho educacional de resultados absolutamente positivos. Aumentaram a freqüência escolar, para 4 a 5 dias da semana, 4 horas por dia (o quinto dia é facultativo). A anuidade escolar foi mantida em limites suportáveis por quase todas as famílias (20 a 50 mil réis, com abatimentos no caso de vários meninos). Em diversas comunidades tentou-se estimular o interesse pela instrução e obter contribuições, com a fundação de uma união escolar. No decurso dos últimos anos, ergueram-se, em muitos lugares, escolas, cuja construção foi possível graças a contribuições, ao trabalho espontâneo, e ao fornecimento, pela coletividade, do material — madeira, telhas, etc. Além dos párocos, que têm de arcar com grande parte dos encargos, ensinam, nas escolas, acólitos, diáconos ou professores, saídos de outras profissões, originários da Alemanha, os quais dedicam todas as suas forças à tarefa de instruir. O ensino adapta-se à compreensão e à capacidade intelectual dos filhos dos colonos, sendo acompanhado de imagens e de desenho. Vimos, em algumas das escolas que visitamos, provas apreciáveis dos resultados do ensino. Esses resultados crescem de valor quando se considera o grau de educação dos país, a pobreza intelectual e o isolamento do mundo dos colonos, a carência de todos os bens espirituais e culturais, na vida da floresta. Participamos das aulas, e dispomos de bom número de composições, provas escritas e desenhos, sendo bastante ilustrativa sua comparação com os trabalhos apresentados por Wagemann.
Durante nossa estada em Laranja da Terra, externamos o desejo de saber o que os escolares escreveriam sobre a nossa visita, e propomos esse tema aos garotos para composição. O pastor Grothe teve a gentileza de copiar para nós diversas dessas composições, que proporcionam uma visão de conjunto da maneira de expressar e da capacidade intelectual, embora não permitam um julgamento da letra e da ortografia.
Segue abaixo um grupo desses trabalhos:
Georg Berger, 3. Schuljahr Vater Rheinlaender, Solinger, Mutter Oldenburgerin.
14 Tage vor Ostern kam Besuch von Hamburg. Mittwoch kam der Herr Pastor von Victoria zurueck und da kam der Besuch mit. Es waren 2 Professoren und eine Frau aus Deutsehland. Am Donnerstag morgen, als die Schule anging, kam der Besuch auch mit in die Schule. Da wollten sie zuerst im Unterricht nachsehen. Wir haben ein Diktat geschrieben. Dabei haben sie uns aufgenommen und haben unser Geschriebenes nachgesehen. Dann gingen sie in die andere Klasse und nachher hatten wir Pause. In der Pause erzaehlte uns der Herr Professor Giemsa, dass die Sonne ganz still stehe und eine Feuerkugel waere und die Erde auch eine runde Kugel, die sich immer rumdreht. Dann kam der Herr Lehrer wieder runter, wir haben erst Freiuebungen gemacht und gesungen, dann haben die Maedchen Kreisspiele gemacht und dann sind wir nach Hause gegangen. Dabei hat der Herr Professor Nauck photographiert und gefllmt. Am Freitag ist der Herr Pastor und der Herr Professor Nauck rumgeritten um nachzuforschen, wo Krankheiten sind. Im Laranjinha-Fluss da sitzen Schnecken, die Krankheiten verbreiten. Am Sonntag war ein kleines Fest, da haben wir Freiuebungen gemacht und die Kampfgruppe hat Pyramiden aufgestellt. Die Schulmaedchen haben Kreisspiele gemacht und von manchen Schulkindern haben sie noch Stuhlproben gemacht. Manchmal ist mit dem Herrn Pastor und dem Herrn Prof. Nauck auch die Frau von Prof. Giemsa mitgeritten, sie sind noch die ganze Woche herumgeritten bis zum Freitag morgen, dann sind sie abgereist.
Laura Blaster. 3. Schuljahr. Beide Eltern Pommern.
Als wir am Mittwoch in der Schule waren, hat uns der Herr Silbermann gesagt, morgen wascht Euch auch gut und zieht Euch sauber an. Auch die Zaehne putzen! Und als am anderen Morgen die 2 Professoren in die Schule kamen, wollten sie nachsehen, wie es uns hier in Brasilien geht. Als sie kamen, hatten wir alle sehr grosse Angst. Die andern Kinder hatten alle gesagt, wir wuerden untersucht. Dann sind wir alle in die Schule gegangen und zuerst haben wir ein schoenes Morgenlied gesungen, als wir gesungen hatten, hat der Herr Pastor zu uns gesagt: Warum habt Ihr Euch keine Buecher mitgebracht? Da haben wir gesagt der Herr Silbermann hat gesagt: wir sollten uns keine Buecher mitbringen, deshalb konnten wir nichts machen. Da haben wir noch ein kleines Diktat geschrieben und nachher haben wir unser Fruehstueck genommen und sind rausgegangen. Als wir unser Fruehstueck auf hatten, haben die Jungens geturnt und dann haben die Maedel Kreispiele gemacht. Als das aus war, da sind wir nach Hause gegangen.
Fritz Gaede. 4. Schuljahr, Vater Brandenburger, Mutter Pommern.
14 Tage nach Ostern hatten wir Besuch. Sogar Besuch von Deutschland. Es waren 2 Maenner und eine Frau. Sie wollten mal in unserer Siedlung Laranja da Terra erforschen, ob wir hier noch alle frisch und gesund sind oder schlapp und krank. Am Donnerstag kamen sie in die Schule und im der Schule haben sie immer photographiert. Sie haben auch lebendige Bilder gemacht. Den Robert Loeffler haben sie 2 mal allein photographiert. In der Pause hat uns der Altere noch erzaehlt, wie es mit der Erde steht. Er hat erzaehlt, die Erde ist eine runde Kugel und dreht sich immer und in der Mitternacht stehen wir gerade auf dem Kopf. Als er auserzaehlt hatte, hat er gesagt: Wenn Euch nachher der Lehrer oder der Pastor fragt, was ich Euch erzaehlt hábe, so sagt ihnen das.
Frieda Reetz, 3. Schuljahr. Vater Pommer, Mutter Rheinlaender.
14 Tage nach Ostern haben wir Besuch gekriegt. 2 Professoren sind in einem Auto gekommen, sie waren nicht allein, sondern da war noch eine Frau dabei und der Pastor hat auch noch drin gesessen. Als sie gekommen sind, war es ungefaehr ½ 12, da haben wir gedacht, wir werden sie noch sehen, aber wir haben sie nicht mehr gesehen, erst am anderen Tag haben wir sie gesehen. Da kamen sie mit dem Pastor runter. Wir hatten solche grosse Angst. Als dann welche aufgerufen wurden, haben wir in die Haende geklatscht und sehr gelacht, dass die Sophie Tesch auch dabei war. Die hatte solche Angst. Da haben sie (zu uns) gesagt: Ihr werdet auch noch dran kommen. Er hat nur Stuhl untersucht. Das hat mich sehr gefreut, dass ich keinen mehr mitbringen musste. Der Magerste(!) hat auch Spiele photographiert. Als sie morgens herunterkamen, kamen sie in unsere Klasse, da haben wir ein schoenes Lied gesungen und dann uns ein wenig unterhalten. Der Pastor hat gesagt, wir sollten mal lachen, aber wir konnten nicht lachen vor lauter Angst. Die Frau Professor hat uns gefragt. Habt lhr Angst? Wir haben gesagt: Nein, wir haben keine Angst, aber wir hatten doch Angst.
Robert Loeffler. 3. Schuljahr. Vater Sachse. Mutter Pommer.
Kurz nach Ostern hatten wir Besuch. Hier waren 2 Professoren aus Deutsehland. Am 24. April sind sie hierher gekommen. Als sie herunterkamen, hatten wir alle grosse Angst und als sie naeher an uns herankamen, sagten sie: Guten Morgen! Sie haben dann noch ein wenig draussen gestanden; danach sind sie hereingegangen. Wir haben ein Diktat geschrieben, dann haben die Herren abgenommen. Nachher war Pause. In der Pause hat uns der Aelteste erzaehlt, wie es mit der Welt steht. Er hat gesagt, die Erde ist eine runde Kugel, und die Sonne ist eine gluehende Kugel. Die Erde dreht sich um die Sonne. Dann hat er den Friedrich Becker getragt, was wir hier alles pflanzen.
Laura Stange. 4. Schuljahr. Beide Eltern Pommern.
14 Tage nach Ostern haben wir Besuch bekommen von Deutschland. Es waren 2 Professoren und 1 Frau. Mittwoch mittag sind sie im Auto gekommen, aber ich habe sie nicht eher gesehen als am Donnerstag morgen in der Schule. Da kamen sie mit dem Pfarrer herunter. Wir haben alle grosse Angst gehabt. Als wir in die Schule gingen, fragte uns der Pfarrer, was die Professoren wollten. Wir haben alle gesagt: Untersuchen! Da hat er gesagt: Nein. Dann haben wir ein Diktat geschrieben, dabei hat er uns abgenommen. Da machte die Maschine nicht nur Tick! sondern Horr! und jetzt sagt der Pfarrer immer, das waere lebendig abgenommen. Aber das glaube ich nicht.
Alwine Peter. 3. Schuljahr. Vater Pommer, Mutter Hesse.
Ich will mal was schreiben von dem Pest. Ich war auch da und mir hat es gefallen. Wir haben allerlei gemacht und auch gesehen. Morgens, wie wir nach der Schule kamen, dachten wir, wir wuerden untersucht, aber wir sind nicht untersucht worden. Wir hatten alle Angst. Als es 8 Uhr war, gingen wir in die Schule herein. Dort sangen wir ein Lied und setzten uns hin. Da fragte der Herr Pastor: Warum habt Ihr Euch heute alle solche schoenen Kleider angezogen? Wir sprachen: Weil wir heute Besuch haben. Darum haben wir uns so sauber angezogen. Als wir das gesagt hatten, holte der Herr Pastor die Hefte. Wir haben geschrieben. Wir sind dabei abgenommen worden. Auch ich allein wurde abgenommen. Nacher turnten die Jungens und als sie geturnt hatten, spielten wir Maedchen unsere Lieder. Ich war der Kukuk. Ich habe mich sehr, ueber alle Spiele gefreut.
Jeanette Stabenow. 4. Schuljahr. Vater und Mutter Pommer.
14 Tage nach Ostern hatten wir Besuch von Deutschland. Am 23. April waren sie in der Schule und haben unsere Schule besucht. Wir haben uns sehr darueber gefreut. Als wir morgens runter kamen, hatten wir freilich grosse Angst. Die Kinder hatten gesagt, wir wuerden untersucht, aber wir wurden nicht untersucht; welche, mussten nur Stuhlgang mitbringen. Abgenommen haben sie auch. Wir Maedchen haben gespielt und die Jungen haben geturnt und gehuepft. Am Sonnabend habe ich sie nochmal gesehen. Sie waren bei Almeida und bei uns. Da haben wir gesungen. Da hat der Aeltere gesagt, wir sollten mal erzaehlen, wieviel Lieder wir konnten. lch habe nachher auch gezaehlt, wieviel Lieder ich konnte. Ich habe auch schon 130 Lieder gelernt. Am Freitag morgen als sie weggemacht sind, habe ich sie nicht mehr gesehen. Da war ich schon hinter dem Berge bei dem Vieh und konnte ihnen nicht mehr sagen, wieviel Lieder ich konnte. Da sind sie nach der Strasse geritten.
Christine Schramm. 3. Schuljahr. Beide Eltern Westpriegnítz.
Die Professoren wollten unsere Schule auch besuchen. wir haben das Auto nicht gesehen, aber wir haben es gehoert und da haben wir gesagt: Horch! ein Auto kommt daher. Da waren die 2 Professoren drin. Auf einmal kam der Herr Pastor runter und sagte zu dem Herrn Silbermann, ob keiner mitfahren koennte. Wie sie den ersten Tag in die Schule kamen, haben sie uns gleich abgenommen. Da haben die Jungen geturnt und wie sie geturnt hatten, haben wir unsere Spiele gemacht. Da hat er uns auch abgenommen, dann sind wir in die Schule gegangen und haben ein kleines Diktat geschrieben, dabei hat uns der Professor lebendig abgenommen. Das wollten welche Schulkinder nicht glauben, dass es lebendige Bilder sind. Der Pastor aber sagt, das ist wahr, dass es lebendige Bilder sind. Wir haben hauch eine so grosse Angst gehabt, dass die Professoren uns untersuchen wurden. Da hat die Frau gesagt, wir brauchlen keine Angst haben! und da haben wir keine Angst mehr gehabt. Am Sonntag haben die grossen Maedchen gespielt und das war schoen, dabei haben wir zugekuckt und das haben sie auch abgenommen. Auch unsere Schweinebucht haben sie abgenommen und Alwine und Adolf und zuletzt Vater bei der Muehle.
Martha Stange. 3. Schuljahr. Vater Pommer, Mutter Wahrscheinlieh auch.
Nach Ostern bekamen wir Besuch. 2 Maenner und 1 Frau kamen in einem Auto und der Pastor war auch dabei. Meine Mutter und Brueder haben sie gesehen. Am Mittwoch sind sie gekommen. Am Donnerstag haben wir alle Angst gehabt, wir dachten, wir wuerden untersucht. Als wir reingingen, da hat der Pastor gefragt. Was habt Ihr die ganze Zeit gemacht, wir haben gelesen, geschrieben und gerechnet. Dann haben wir ein Diktat geschrieben, dabei haben die Professoren zugeguckt.
Naehher sind die ersten Schuljahre aufgerufen worden. Da hat der Herr Silbermann zu den Kindern gesagt. Am Dienstag bringt Ihr mir alle Stuhl mit. Da haben die Kinder am Dienstag ihren Stuhl mitgebracht. Den hat der Aeltere dann untersucht. Alle Kinder, die krank sind, die muessen einnehmen.
Christian Blaster. 4. Schuljahr. Vater Pommer, Mutter Hesse.
Mittwoch gegen Mittag kamen sie angefahren. Da kam der Herr Pastor in die Schule rein und sagte: 2 Jungens koennen mit dem Auto mitfahren, die Kanzellen aufzumachen. Da fuhren die beiden Stanges mit. Donnerstag morgen kamen die beiden Professoren in die Schule und wir dachten, wir wuerden untersucht. Da blieben sie noch draussen stehen, bis der Herr Lehrer sagte, jetzt werden wir reingehen. Als wir hineinliefen, da photographierte uns der eine, aber ich kannte ihn nicht. Da sagte der Pastor: Wir wollen ein Diktat schreiben; wir schrieben es und ich hatte 2 Fehler. Beim Schreiben photographierte uns der Herr Professor. Nachher gingen wir raus und turnten und huepften und der Herr Professor nahm uns ab. Freitag war wieder Schule und wir gingen alle hin.
Pastor Grottke schreibt dazu: “Die Kinder stehen noch am Anfang bezw. in der ersten Haelfte des 3. bezw. des 4.Schuljahrs. Der Aufsatz wurde mit ihnen nur fluechtig durchgesprochen und die erste Niederschrift gleich korrigiert. Bei den sonst guten Schuelern sind nur wenig orthographische Fehler vorhanden, bei den weniger Begabten gibt es noch viel zu verbessern. Da hier der Nachdruck auf der Ausdruckfaehigkeit liegt, wurden die Aufsaetze nicht mit den Fehlern abgeschleben. Zu bemerken ist noch, dass es sich besonders bei Christine Schramm und Martha Stange um sehr maessig begabte Kinder handelt. Die Aufsaetze ergeben also ungefaehr den Durchschnitt der Gesamtklasse. Bei Georg Berger ist schon von besonderer Begabund zu sprechen.”
Constituem outras amostras da mesma escola, as composições seguintes:
Die Kokosschlacht.
Am Mittwoch haben wir ein kleines Fest gehabt. Und das war die Kokosschlacht. Da haben wir sehr mit Kokos geworfen und der Lehrer hat so viele an den Kopf gekriegt, dass er nur so aufschwoll. Und ich hab auch eine mit abgekriegt, dass ich kaum laufen konnte, ich habe auch geworfen. Manche waren solche Feiglinge, die von hintern. Und so warfen wlr 2 Stunden hin und her.
Die Jagd
Gestern gingen wir auf die Jagd und da schossen wir eine Eichkatze oben von dem Baum herunter. Und wie sie herunter fiel, da lief ich schnell hin und wie ich sie anpacken wollte, da wollte sie wieder ausreissen. Da nahm ich einen Knueppel und schlug sie tot. Dann gingen wir weiter und da sahen wir die andere und wir wollten sie schiessen, aber sie riss uns aus.
Was ich erlebt habe.
Ich bin einmal geritten und als wir da unten beim Boehring waren, da ist mein Onkel vorgejagt. Da fing mein Pferd auch an zu laufen und ich bin runtergefallen. Mein Onkel hat tuechtig gelacht.
Wie uns der Dr. Saettele untersucht hat.
Maria Seibel. 12 Jahre. 3. Schuljahr.
Am 6. Oktober war der Herr Dr. Saettele hier, um uns zu untersuchen. Er wollte am Freitag abend schon kommen, da ist aber er nicht gekommen. Wir haben bis zum Mittag gewartet aber er ist nicht gekommen. Dann sind wir nach Hause gegangen und zum Abend ist er doch noch gekommen. Als wir morgens in die Kirche gehen wollten, sind wir untersucht worden. Die Hulda Binow ist als allererste drangekommen, haben die andern zu mir gesagt. Das zweite weiss ich nicht. Wie sie untersucht wurden, hat die Frau Doktor aufgerufen. Welchen hat er ein Loch durch das Ohr gemacht. Der Ida Gaede hat er einen Zahn ausgerissen. Allen hat er den Loeffel in den Hals gedrueckt und welche haben dabei geweint. Er hat auch an dem Bauch gehoert, da hat er gesagt holt mal Atem und der Herr Silbermann hat immer aufgeschrieben. Als die Maedchen fertig waren, sind wir alle in die Kirche gegangen und haben alleine gesungen. Da hat der Herr Pastor gesagt: Das wird wohl gehen.
Obtivemos de outra comunidade, situada na região alta, composições bem piores sobre o tema: O que faço aos sábados. Seguem abaixo, alguns dos trabalhos, sem correções ortográficas:
Zuerst stehe ich auf und dan wasch ich mich. Den putzt ich meine Zehne. Dann essen wir. Am Sonnabend gehen wir Kaffee putzten. Die andren was zuhause bleiben die machen das zuhause alles rein. Am Sonnabend muessen wir backen. Zum anend waschen wir uns. Und dan trocken wir uns ab. Am Sonnabend machen wir unsere Schulaufgabe. Sonnabend lasen wir unsere Hare ab schneiden. Sta Maria. 15. Mai 1936. August Vesper. 1922 Geburtstag am 12. Juli.
Zu erst stehe ich auf und Wauche ich mir. Dann Esse ich mein stuck Brot. Wenn ich gegessen habe und nehme ich die Axt und hole Holz. Dan nehme ich meine Hake und gehe Kaffee Putzen. Wenn ich nach Hause gehe, esse ich Mitag. Nach Mitag gehen wir nicht auf die Kolni. Bleiben zu Hause und machen zu Hause alles rein. Schlachten wir eine Ende. Wenn ich meine Arbeit ferdich habe, wasche ich mir. Sta Maria, 15 Mai 1936 Albert Marquardt. geb. 10. Dezember.
Zuerst stehen wir auf und dan Waschen wir uns. Und putzen unss die Zehnen und essen wir Frustick und dan gehen wir auf die Arbeite und fluecken Kaffee. Wenn es Mittag ist. Dann gehen wir wieder nach Hause und essen Mittag — Uns nach mittag machen wir alles rein und scheuren die Stube und machen unsere Schulaufgaben. Wenn es bald ist, dan waschen wir unss den ganze Korpe und ziehen uns andes Zeuk an. Dann ist uns wider frisch an. Sta Maria 15. Mai 1936. Albert Lucht. geb. 8. April 1923.
Ich stehe auf. Dann wasch ich mir. Wenn wir uns wasch haben. Dan nach essen wir. Dann putzen wir uns die Zene. Ich fege die Stube aus. Wir holen Futter. Denn nach Futten wir das Fie. Dan gehen wir Kaffee putzen. Santa Maria 15. Mai 1936. Rudolf Erdmann geb. den 18. August 1922.
É difícil formular um julgamento da capacidade média dos filhos dos colonos, pois não convém usar o padrão das escolas de aldeia e das escolas primárias, alemães. Segundo os critérios vigentes na Alemanha, muitos dos meninos deveriam ser encaminhados para escolas de retardados. O trabalho corporal, primitivo e árduo, a freqüência da verminose têm, naturalmente, influência considerável sobre o aproveitamento e o progresso na escola. Houve meninos que nos deram uma impressão de grande vivacidade, em correspondência com a idade. Outros, em que se observava, claramente, a verminose, regrediram, com muita rapidez, em seu aproveitamento escolar, conforme o depoimento do pastor ou do professor. Há, provavelmente, diferenças entre as diversas comunidades, no tocante ao estado físico, à inteligência e aos trabalhos dos alunos.
Dá-se especial importância não só ao ensino religioso, completado pela instrução catecumênica, antes do crisma, mas também ao cultivo dos usos e costumes. Canções populares, jogos e danças constituem a base desse cultivo, e alegrou-nos verificar quantas canções os garotos conheciam e o entusiasmo com que as cantavam, na escola e em casa. A ginástica introduziu-se, pouco a pouco, embora muitos pais sejam de opinião que os filhos já se exercitam bastante nos cafezais. Nos últimos anos, os pastores têm procurado organizá-los, após o término do curso e depois de confirmados, em uniões juvenis, que não têm nenhum fim político, nem político-religioso mas pretendem formar e incentivar o espírito de união e de comunidade, por meio de esportes, ginástica e cantos, reuniões e concentrações recreativas. Desse companheirismo, baseado na religião e no cultivo dos costumes, espera-se o fortalecimento da consciência étnica, sem se pretender pôr os colonos em choque com a cidadania brasileira.
Recentemente, é maior a compreensão por uma das tarefas das escolas paroquiais e das escolas de colônias, qual seja, a de transmitir aos meninos de origem alemã, os conhecimentos indispensáveis da língua nacional do Brasil. O domínio desses conhecimentos cresce de importância, quando se considera que as escolas, embora sejam privadas, fiscalizam-nas inspetores do governo brasileiro, que podem exercer sobre elas certa pressão. As autoridades admitem e reconhecem, em parte as realizações das escolas de comunidade alemã e, eventualmente, têm ajudado a construção de escolas, com a doação de material. Mas, aos encargos docentes dos pastores, relativos à língua materna e religiosa, tem de ser acrescido o ensino do idioma do país, pois não existem professores brasileiros nas escolas paroquiais.
As aspirações nativistas crescentes, dos últimos anos, põem em dúvida o futuro das escolas de comunidades teutas. Em virtude da influência das idéias integralistas, o governo brasileiro quer dar organização diversa ao ensino, nas zonas de povoamento alemão, substituindo o cultivo dos costumes alemães, por uma educação brasileira. O alemão, a língua materna e religiosa, e o dialeto utilizado pela maioria das famílias não desaparecerão rapidamente, mesmo quando se tornem obrigatórios o ensino do idioma brasileiro e a instrução por professores brasileiros. No momento, não é possível formular uma idéia sobre a eventualidade de a Alemanha e entidades alemãs fomentarem os interesses culturais e étnicos, entre os brasileiros de origem teuta, e, muito menos, prever a modalidade desse incentivo, tudo dependendo da orientação do governo do país e do procedimento do próprio colono. Os colonos, ainda hoje, estão mais ou menos conscientes da existência de um país de origem e da unidade étnica, embora falte uma conexão direta com o Reich alemão. São extraordinariamente reduzidas as idéias ou imagens que fazem sobre a Alemanha, limitadas ao que lhes transmitem os pastores ou alemães recém-chegados. Mas os colonos apegam-se, tenazmente, à índole herdada dos antepassados e transmitida em meio ao isolamento da floresta brasileira, índole que os distingue das outras nações de imigrantes. Os colonos, embora cresçam e se desenvolvam, como brasileiros, conservam até agora, como coisas naturais, seus usos e costumes, a língua e a fé, o que não os leva, necessariamente, a conflito, pois não têm de escolher entre etnia e cidadania, podendo ambas, sem coerção especial, harmonizar-se no seu pequeno mundo. Prestar o serviço militar no Exército Brasileiro não significa nenhum conflito para os jovens colonos, de origem alemã, que, desde pequenos, vivem nesse ambiente de idéias, crescendo com a convicção de que são de origem alemã, mas de cidadania brasileira. É interessante notar que grande número de brasileiros, de origem alemã, filiaram-se ao partido integralista, usando a camisa verde.
Aos colonos parece supérflua, prejudicial e inadequada, a renúncia aos seus próprios costumes. Em virtude do isolamento da região colonizada, não é imperativa a necessidade de aprender a língua do pais, ou de assimilar-se à população luso-brasileira. Não há dúvida que uma progressiva exploração das zonas povoadas pelos colonos de origem teuta levará, com o tempo, a uma mistura, mais intensa, com os elementos étnicos luso-brasileiros, mesmo que a população de origem alemã se mantenha fiel aos seus costumes.
O futuro dirá, se, entre os colonos, surgirão chefes capazes de lutar pela solução dos problemas econômicos, e de defender seus pontos de vista nas questões culturais e educacionais. Falta justamente no Espírito Santo, essa camada de chefes, em condições de empregar suas forças e seu talento, em proveito do grupo étnico alemão e em benefício de todo o Estado brasileiro.
[GIEMSA, Gustav, NAUCK, Ernst G. Uma viagem de estudos ao Espírito Santo: pesquisa demo-biológica, realizada, com o fim de contribuir para o estudo do problema da aclimação, numa população de origem alemã, estabelecida no Brasil Oriental. Trabalho publicado pela Universidade de Hanseática, Anais Geográficos (continuação dos Anais do Instituto Colonial de Hamburgo, vol. 48), série D, Medicina e Veterinária, vol. IV, Hamburgo, Friederichsen, De Gruyter & Co., 1939, traduzido para o português por Reginaldo Sant’Ana e publicado no Boletim Geográfico do Conselho Nacional de Geografia, n. 88, 89 e 90, 1950].
Gustav Giemsa nasceu na Alemanha a 20 de novembro de 1867 e faleceu a 10 de junho de 1948. Foi químico e bacteriologista e alcançou notoriedade pela criação uma solução de corante conhecida como “Giemsa”, empregada para o diagnóstico histopatológico da malária e outros parasitas, tais como Plasmodium, Trypanosoma e Chlamydia. Estudou Farmácia e mineralogia na Universidade de Leipzig, e Química e Bacteriologia na Universidade de Berlim. Entre 1895 e 1898 Giemsa atuou como farmacêutico na África Oriental Alemã. Em 1900 tornou-se chefe do Departamento de Química Institut für Tropenmedizin em Hamburgo.
Ernst G. Nauck nasceu em São Petersburgo, Alemanha, em 1867, e faleceu em Benidorm, Espanha, em 1967. Especialista em doenças tropicais.