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A canoa virou…

Pedro Malasarte, ó maninha,
Com sua canoa, ó maninha,
Leva gente dentro, ó maninha,
Leva coisa boa, ó maninha.
 
   
A canoa virou,
Deixai-a virar,
Por causa de Maria
Que não soube remar.
   | bis
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Esta velha cantiga de roda, tão viva e maviosa, hoje quase só se canta em seus versos finais. É assim que a temos ouvido ultimamente, em vários pontos do Espírito Santo, muitas vezes até como simples complemento de outro brinquedo de roda, o “tenho uma linda laranja”. É assim que a vemos registrada, quer em Os nossos brinquedos, de Alexina de Magalhães Pinto, p. 76; quer na Ciranda, cirandinha…, de J. Gomes Júnior e J. Batista Julião, n. 27; quer no Guia prático, de Villa-Lobos, n. 23, quer nos Jogos e canções infantis, do folclorista português Augusto Pires de Lima, p. 114.

A música recolhida em Os nossos brinquedos, sob o título “O barco virou” parece-se com a variante capixaba; esta, porém, é mais bonita e sonora. A que consta de Ciranda, cirandinha… só vagamente faz lembrar a nossa melodia. O mesmo se pode dizer com referência à que se vê no Guia prático.

A primeira parte da versão capixaba, não a encontramos em nenhum rimário infantil. É velha toada que se vai perdendo, infelizmente.

Modo de brincar: O folguedo da “A canoa virou” é ligeiro e divertido. Forma-se a roda grande e, girando, todos cantam a cantiga. Ao chegarem à parte mais conhecida: “A canoa virou, / Deixai-a virar, / Por causa de fulana / Que não soube remar” — a menina ou menino “que não soube remar” vira-se de costa para o centro da roda, e assim, à medida que são citados, vão-se virando, um a um, até ficarem todos, de mãos dadas, sempre girando, costas voltadas para o meio da roda. A cantiga prossegue, desvirando-se um a um, até retornarem todos à primitiva posição.

Nota — Ver a canção seguinte.

[SANTOS NEVES, Guilherme (pesquisa e texto), COSTA, João Ribas da (notação musical). Cantigas de roda. Vitória:Vida Capichaba, 1948 e 1950. (v. 1 e 2).]

Guilherme Santos Neves foi pesquisador do folclore capixaba com vários livros e artigos publicados. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)

João Ribas da Costa foi professor no interior do Estado do Espírito Santo.

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