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A.N., jardineiro

Bairro onde mora: Itararé
Bairro onde trabalha: Ilha do Boi, Ilha do Frade, Praia do Canto, Jardim da Penha, Mata da Praia
Naturalidade: Timbuí – Fundão (ES)
Profissão: Jardineiro
Estado civil: Casado
Filhos: 4



O que você acha da cidade de Vitória como ambiente para se viver?

– Boa, muito boa. Eu cheguei aqui com 12 anos e não trouxe nada e hoje eu tenho tudo, não me falta nada. Tenho emprego, casa… Tem gente que vai para São Paulo, fica 5, 6 anos e volta pior. Aqui você tem jeito de levar, trabalhando e ficando longe de confusão.

O que você acha do aspecto físico da cidade?

– Ficou muito bonita depois que Paulo Hartung deu um jeito, ele fez direito. Antes era tudo mato, Jardim da Penha era mato, mato mesmo. Hoje tá uma cidade. Não só os jardins, não, tudo ficou bem melhor.



Qual bairro que você gosta mais?

– Campo Grande é o mais desenvolvido. É uma verdadeira cidade. É o melhor bairro de Vitória pra mim.



O que você mais gosta na cidade?

– Curva da Jurema. Quase todo final de semana eu vou. Não preciso ir de carro, vou de ônibus. A praia é tranquila.



Oportunidade de trabalho.

– Serviço aqui tem. Emprego é aqui na cidade, lá em Vila Velha não tem emprego, as indústrias estão aqui, você sabe. Lá em São Paulo você fica dias na fila, tem um monte de entrevista e depois te mandam embora, três meses depois.

Transporte.

– Depois do Transcol ficou muito bom, Vitória virou outra coisa. Você não fica no ponto 5 minutos. Pessoal reclama porque só sabe reclamar. Aumentou a passagem porque tinha que aumentar, o óleo diesel aumentou. Sabe quanto que custa um ônibus desses? R$140.000,00 e tá cheio de ônibus novo aí que tem que pagar todo mês porque eles compram fiado e vão pagando todo mês. Aí aumenta 10 centavos e o pessoal reclama, por isso que diminuíram a frota, porque o governador voltou atrás com o aumento. Mas vai ter que aumentar, não tem jeito.

Você participa das tradições que restam?

– Eu participo da romaria dos homens [até o Convento da Penha], todo ano eu vou. É uma comunidade que faz, é uma tradição. (Mas eu frequento a Igreja Universal.)

E as tradições mais recentes?

– Não vou ao Vital, é muita confusão. Essas festas de calçada que eles põem música alta nos carros e ficam no bar bebendo, só dá confusão. Outro dia, um pediu para abaixar a música, aquele negócio, acabou que morreram três, assim na calçada, de bobeira.

Maiores problemas de Vitória.

– Acho que é o desemprego. Porque muita gente rouba e faz assalto por falta de dinheiro, de trabalho. Se tivesse trabalhando, tava trabalhando, não tava se metendo em confusão. Muitos se aposentam e vão pra venda encher a cara de revólver na cintura. Outros se empregam de novo, vão achar o que fazer. Você vê, aqueles dois que estavam jogando dominó, imagina dois homens num apartamento jogando dominó, armados, a tarde inteira, um ia acabar morrendo ali. Vai arrumar coisa pra fazer, ver um filme, sei lá.



Maiores vantagens de Vitória.

– No bairro onde eu moro tem hospital, tem farmácia, supermercado, escola, tem tudo, cinco linhas de ônibus, eu não preciso sair do meu bairro pra nada.

Custo de vida.

– Tá razoável. Podia estar melhor, o salário podia estar melhor. A Câmara falou em reajuste de 80, depois não foi aprovado, diz que não tem dinheiro. Como é que pode? Eles roubam milhões, milhões pra lá, milhões pra cá, e diz que não tem dinheiro. Têm salários milionários, o deles eles aumentam a hora que querem.

Educação.

– Meus filhos já estão criados, encaminhados. O meu mais novo quer sair da empresa que ele trabalha, mas quer ser mandado embora pra não perder os 40%. Se não, não vale a pena, trabalhou muito tempo lá, e vai sair sem nada. Ele é contador e já faz uns serviços por fora, quer abrir um escritório de contabilidade. Queria ser professor também, porque estava dando umas aulas particulares, mas para ser professor tem que fazer outro curso, um curso de três meses. Eu que consegui pra ele estudar no Darwin, eu conheço a diretora, ela deu um ano de graça, ele estudou um ano de graça no Darwin. É um colégio preparatório pro vestibular, muito bom, bons professores. Tanto que ele estudou um ano lá e passou no vestibular.



Como você se diverte?

– Eu gosto de ir pra praia domingo ou feriado, acompanhando a mãe, porque os filhos não acompanham mais. E ela só tem folga domingo, então eu vou na praia, que ela gosta de ir também. E a Curva da Jurema é mais fácil de ir.

Resumindo, como você vive em Vitória?

– Eu vivo bem, tenho tudo que eu quero, como o que eu quero, bebo o que eu quero, vou onde eu quero, se eu não quero eu não vou. Já trabalhei muito pra criar os filhos, hoje já estão criados. Hoje eu não vou atrás de serviço mais. Já passou minha época, deixa pros que estão vindo aí.

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