Voltar às postagens

Biografia do Pe. Francisco Antunes de Siqueira

Para estes apontamentos biográficos utilizei-me largamente do artigo de Amâncio Pinto Pereira[ 12 ] publicado no jornal Comércio do Espírito Santo poucos dias depois do falecimento do sacerdote, e escrito por um amigo seu, conhecedor de sua vida e obra. Afonso Cláudio[ 13 ] também se serviu muito desse artigo.

Com base no processo de habilitação de vita et moribus pude confirmar que o padre Francisco Antunes de Sequeira (essa era a grafia original do seu sobrenome, atualizada para Siqueira por reformas ortográficas mais recentes) nasceu em Vitória a 3 de fevereiro de 1832. No requerimento em que solicita sua habilitação de vita et moribus aparece ele como filho natural de Maria Luíza do Rosário e mais adiante comprova-se seu batismo em 10 de março de 1832 na matriz de Nossa Senhora da Vitória celebrado pelo vigário Manoel Alves de Souza (por sinal o documento é transcrito por seu pai, que se assina como “o coadjutor padre Francisco Antunes de Siqueira”), constando como padrinhos o vigário Domingos Leal e D. Ana Maria da Penha de Jesus. Em documentos desse processo constata-se também que sua mãe “vive de costurar” e que seus avós maternos, Francisco Gomes Rodrigues e Vitória Maria da Conceição, eram oriundos de Cabo Frio, onde ele “vivia da pescaria do alto mar”.[ 14 ]

Em artigo (de uma série publicada com o título de “Padre Antunes de Siqueira”) Antônio Tinoco informa ter lido as dedicatórias impressas na obra A Província do Espírito Santo (Poemeto) do padre Antunes localizada na Biblioteca Nacional nos seguintes termos: “À memória de meu pai, Cônego Arcipreste Francisco A. de Siqueira, — Uma lágrima da mais pungente saudade. A minha prezada mãe D. Maria Luíza do Rosário, — Tributo de veneração e respeito[ 15 ]

Primeiros estudos

A infância e adolescência do padre Antunes estão relativamente bem descritas no decorrer da obra ora estudada, e é interessante o depoimento do padre sobre as brincadeiras e costumes da época de sua infância, um testemunho vivo e de primeira mão. Através destes escritos sabemos que ele tinha duas irmãs, conforme nos diz na seguinte passagem no final do artigo número 25:

[…] zás, lá derramava eu a tinta pelo papel, inutilizando duas e mais folhas escritas… Que frenesi! Batia o pé, arrancava os cabelos, praguejava a mim mesmo: Aí está! O que e lá isso? perguntava minha boa mãe. Acudiam logo duas denunciantes, duas irmãs, dizendo: o nhonhô borrou a escrita! Toma lá… bem feito… oh! oh!

O jornal O Estado do Espírito Santo de 3 e 4 de dezembro de 1897, impresso em Vitória, estampa convite para a missa de sétimo dia por alma do padre Antunes de Siqueira assinado por Antônio da Silva Pádua e Adelaide Antunes de Siqueira Pádua, sendo moradores em Viana e que se identificam como cunhado e irmã do falecido.

Podemos avaliar até em que local de Vitória Antunes de Siqueira habitava na juventude, “ali junto da ponte do Reguinho, que dá passagem para a rua da Várzea” (nas imediações das atuais ruas Graciano Neves e Sete de Setembro) pela descrição que no artigo 3 o autor das Memórias do passado faz de uns vizinhos seus que de noite, comendo caranguejos e falando alto, não o deixavam dormir.

Sobre os primeiros estudos do jovem Francisco Antunes de Siqueira nos dá notícia Amâncio Pereira em seu artigo acima referido:

A primeira aula que frequentou e para a qual entrou a 7 de janeiro de 1839 foi a do finado major Inácio dos Santos Pinto. Criada uma 2a cadeira em 1842 e nela provida o professor Manoel Ferreira das Neves que iniciou o seu ensinamento com o Método Valdetaro — passou o nosso biografado a frequentar esta cadeira, na qual fez rápidos progressos, preparando-se nas matérias do ensino primário no fim do ano de 1845. Com este professor estudou ele a língua francesa no ano seguinte, frequentando ao mesmo tempo a aula de latim do padre mestre Inácio Félix de Alvarenga Sales. Aprovado em ambos os preparatórios em exame público, realizado no Palácio do Governo, quando presidente o Dr. Luís Pedreira do Couto Ferraz (Visconde do Bom Retiro), isto em 1848 […].[ 16 ]

O autor das Memórias do passado nos artigos 16 e 17 descreve o mestre major Inácio dos Santos Pinto, o seu método de ensino, como participava das aulas e o que nelas aprendeu.

Vida no seminário

O ano de 1849 marca a ida do estudante Antunes, já então com dezessete anos, para o Rio de Janeiro a fim de ingressar no Seminário de São José. Recebe a primeira tonsura e os quatro graus de ordens menores no dia 12 de setembro de 1849. Seu pai não só lhe deu o mesmo nome como lhe destinou a mesma carreira eclesiástica, meio seguro de ascensão social, na época. Neste sentido são significativas as seguintes palavras de Maria Stella de Novaes referindo-se a outro padre mas que, em linhas gerais, se podem aplicar à vida do padre Antunes:

Vivia-se no tempo em que devia o mestre de latim alfabetizar os rapazes; dar- lhes a instrução primária, ler, escrever e contar. Ordenado sacerdote, Marcelino Duarte estaria no início do ministério do Altar; mas, possuidor já de uma série de sonetos, nos quais clamava dolorosamente sua desdita: — a vocação forçada, como ocorreu a muitos outros jovens espírito-santenses. Tudo porque o mestre de latim decidia a vocação dos alunos e, de par a essa aula, dava-lhes conhecimentos de filosofia, retórica, história e outras disciplinas, “moldadas na aprendizagem que tinha, por sua vez, feito no Seminário”. De fato, era uma norma do tempo: — moço inteligente, ansioso de ilustração, devia ser padre. Tinha o destino traçado: — o Seminário. Assim, para o Espírito Santo o Seminário São José, na Corte, era a tábua-de-salvação. Os ricos iam para Coimbra.[ 17 ]

Para complementar o panorama sobre as questões envolvendo as atividades de trabalho e de estudo e a situação social dos padres espírito-santenses do século XIX, convém citar estas palavras de Oscar Gama Filho:

Aliás, as vidas intelectual — arte, direito, política, jornalismo e outras atividades afins — e sacerdotal constituíam, no século passado, duas das poucas formas de ascensão social de que os indivíduos podiam se valer. Alguns se dedicavam a ambas ao mesmo tempo, entre esses, João Clímaco, Marcelino Pinto Ribeiro Duarte, Francisco Antunes de Siqueira, Fraga Loureiro, Eurípedes Pedrinha e Inácio Félix de Alvarenga Sales, todos simultaneamente padres, escritores e políticos.[ 18 ]

No seminário o jovem Antunes se distingue nas diversas disciplinas e, nos processos de habilitação antes referidos, podem ser conferidas suas notas e os atestados que os professores deram como requisito para sua formação sacerdotal, como este: “Entrou para o Seminário de São José em março de 1849 e nele concluiu os estudos preparatórios em que já vinha adiantado, começou os teológicos que também concluiu no fim deste ano letivo, tendo sempre merecido aprovações honrosas. E pelo que pertence aos seus costumes deu sempre provas de boa morigeração”.[ 19 ]

Recusa em 1851 um convite para secretário interino do bispado do Maranhão “à instância de sua veneranda mãe”,[ 20 ] que já tinha perdido o seu “companheiro”, por sinal.

Antunes de Siqueira entra para a irmandade de São Pedro em 22 de junho de 1853 (neste ano é morador do Colégio de São Pedro de Alcântara), recebe a ordem de subdiácono em 10 de julho de 1853, e a 24 do mesmo mês é ordenado diácono.

Como seminarista “pregou pela primeira vez na capelinha de Nossa Senhora da Conceição em Niterói, com aplauso do grande orador cônego Barbosa França, pelo que s. ex. rvdm. lhe concedeu provisão, sem tempo, para pregar em toda a diocese[ 21 ]  e ainda como seminarista pronunciou brilhantes sermões em diversas igrejas do Rio de Janeiro e na capela imperial.

Em setembro de 1854, é dada uma apólice da dívida pública de juro anual de 5% no valor de seiscentos mil réis para estabelecer o patrimônio do futuro sacerdote, ordenado em 5 de novembro de 1854.[ 22 ]  Amâncio Pereira registra que o padre Antunes cantou sua “primeira missa a 21 deste mesmo mês e ano na capela de Santa Efigênia situada à rua da Alfândega no Rio de Janeiro”.[ 23 ]

Padre secular

Principia sua carreira de padre secular como pároco da freguesia de Carapina em 20 de janeiro de 1855, onde também foi professor efetivo, deixando a mesma freguesia em 8 de novembro de 1856. Em Carapina houve um incidente com o padre, relatado de forma enviesada nos processos existentes no Arquivo da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro e referido pelo próprio padre em seu Poemeto, conforme citação de Afonso Cláudio.[ 24 ]

A presença do padre Antunes no Espírito Santo em 1855 coincide com sua participação na festa da Penha, relato constante no artigo 22 das Memórias do passado, onde o autor faz um auto-elogio.

Tomou posse em 16 de fevereiro de 1857 como pároco de Santa Cruz, então sede de município espírito-santense. Logo principia a cobrar do governo provincial verbas para construção de nova matriz e para aquisição de objetos imprescindíveis ao culto religioso. Em ofício de 14 de abril de 1857 ao vice- presidente da província, Antunes de Siqueira afirma:

Depois de haver consultado, o que bem me recomendou V. Exa., a opinião das pessoas mais sensatas desta freguesia acerca do local em que se tem de erigir a nova igreja matriz, deliberei dar princípio à obra, que tanto urge o estado ruinoso da velha; […] e sendo assim a pequena quantia, que me foi dada não satisfaz as despesas da obra, que por ora limita-se ao frontispício, feito com proporções para a nova matriz […].[ 25 ]

Por meio de outro ofício enviado de Santa Cruz ao Dr. Carlos de Cerqueira Pinto, vice-presidente da província, o padre Antunes presta os seguintes esclarecimentos:

[…] em abril de 1857 lancei a pedra fundamental de uma nova matriz com regulares proporções sob plano e regras de arquitetura de forma gótica, empregando o escasso produto de 200$000, colhido pelo povo, e mais algumas consignações do cofre provincial, conseguida assim a conclusão de um vistoso frontispício e o levantamento até a altura de 12 palmos das paredes no quadrado da capela-mor. […] Desde 1860 sem mais auxílios […] suspenderam-se os trabalhos, estragando-se a obra hoje exposta à inconstância do tempo.[ 26 ]

Levy Rocha assinala em Viajantes Estrangeiros no Espírito Santo as seguintes observações, referindo-se à igreja da vila de Santa Cruz: “Aquele templo vinha sendo construído pelo vigário Francisco Antunes de Siqueira, filho do lugar [sic], que morava no alto dum monte, à esquerda da estrada. As obras foram começadas a 9 de maio de 1857 e, decorridos cinco meses, já se achava pronto o frontispício, no estilo gótico-romano.”[ 27 ]

No final de 1858 padre Antunes conhece na localidade em que é vigário o pintor e viajante francês Auguste-François Biard, que dele registra as seguintes impressões:

Travei então conhecimento com o padre, um jovem sem preconceito, que não recuava diante de uma garrafa de porto ou de aguardente, nem diante de muitas outras coisas. Mas como, após alguns dias, ele tivesse declarado aos que não davam nada por mim que eu parecia ter alguns conhecimentos a respeito de diversos assuntos, embora francês, restringirei a isso as minhas observações. Esse padre me emprestou um fuzil e, munidos de pólvora e chumbo, partimos um dia bem cedinho numa caçada em que rivalizamos em imperícia.[ 28 ]

Em 12 de agosto de 1859 uma carta imperial o declara vigário colado (isto é, estável) em Santa Cruz, tendo tomado posse no cargo a 23 de outubro do mesmo ano..[ 29 ]

Sobre a visita de D. Pedro II e comitiva a Vitória, José Teixeira de Oliveira reproduz reportagem publicada no jornal Correio da Vitória de sábado, 28 de janeiro de 1860. Da referida reportagem transcrevo este trecho:

No colégio [que também abrigava a capela nacional e é o atual palácio Anchieta] SS. MM. sentaram-se debaixo de um rico dossel, e daí assistiram ao Te Deum, mandado cantar pela Câmara Municipal. Orou o vigário de Santa Cruz, padre Francisco Antunes de Siqueira. O discurso foi conciso, brilhante e eloquente. Agradou a todos pela sublimidade de seus pensamentos, elegância e colorido de seu estilo.[ 30 ]

Acerca desse episódio Amâncio Pereira informa: “Pregou com aplausos diante do Imperador e numeroso auditório quando ele viera em visita à então província em 1860, pelo que mereceu ser agraciado com o hábito de Cristo.[ 31 ] Será? Outros autores consignam que a condecoração foi concedida ao biografado por serviços prestados ao país. Se bem que, na época, pregar perante o imperador poderia ser considerado um serviço prestado ao país. O certo é que D. Pedro registra em seu diário de bolso, conforme nos dá notícia Levy Rocha: “Te Deum na Igreja do Colégio dos Jesuítas; hoje Palácio – lápide da sepultura de Anchieta na Capela-mor perto dos degraus do altar-mor. Sermão sofrível do Vigário de Santa Cruz (Aldeia Velha).”[ 32 ]

Em Santa Cruz o padre Antunes conheceu Pedro Tabachi, maçom da Loja União e Progresso em Vitória e pioneiro da imigração italiana em nossa terra. Por sinal está relatado no artigo 30 das Memórias do Passado um episódio vivido por ambos. O padre Antunes deixou o vicariato de Santa Cruz em princípios de 1869.[ 33 ]

Serve depois como pároco em Conceição da Barra. A sua presença nessa última localidade pode ser confirmada por meio da correspondência que manteve com o presidente da província. Dessa correspondência devem ser destacados o ofício de 9 de janeiro de 1872 (o primeiro no códice com a assinatura do padre Antunes) remetendo “o mapa dos batizados, casamentos e óbitos havidos durante o ano p. passado nesta paróquia”, (sendo que o mapa anexo está assinado pelo padre como pro-pároco) e o ofício de 29 de fevereiro do mesmo ano comunicando que naquela data “tomou posse e entrou no exercício de vigário encomendado [isto é, suscetível de remoção] da Vila da Barra de São Mateus por provisão da Vigararia-geral do bispado.” Outros ofícios firmados pelo mesmo vigário existem no códice até abril de 1872, somente.[ 34 ] Esta passagem do padre Antunes por Conceição da Barra, apesar de curta, é muito significativa para o presente estudo, de vez que comprova a afirmação do autor das Memórias do passado, antes ressaltada, sobre sua presença em janeiro daquele ano na referida localidade assistindo ao alardo.

Por meio de um recurso interposto ao imperador, datado de 14 de novembro de 1876, o padre Antunes nos cientifica que “requereu e foi nomeado em 9 de setembro de 1872 capelão extranumerário da Armada com exercício de professor” na Companhia de Aprendizes Marinheiros em Vila Velha, sendo elogiado pelos superiores. O interessado no recurso também informa que “em novembro de 1873 na efervescência da questão religiosa foi suspenso das ordens e em consequência dessa censura foi dispensado do ofício de capelão”. Declara que foi ao Rio se defender e obteve novamente o exercício das ordens e a restituição do ofício na Companhia por provisão que tinha validade anual e que foi renovada até 1875. No citado recurso o padre Antunes se julga suspenso de ordens sem sentença jurídica e pede que novamente seja provido como capelão por estar atacado de “elefantíase dos árabes” (motivo que o fez deixar o exercício de pároco em pequenas localidades, ficando sem a correspondente remuneração) e por estar privado dos escassos recursos com que se alimenta e à mãe sexagenária, a quem serve de arrimo.[ 35 ]

Após muitos anos como educador em Vitória, é pároco na matriz do Rosário da Prainha em Vila Velha, onde termina seus dias.

Maçonaria e amizades

Afonso Cláudio[ 36 ] refere-se de passagem a desavenças do padre Antunes com o bispo D. Pedro Maria de Lacerda, “que o suspendeu por diversas vezes do exercício das ordens sacras”. Mesmo sem aprofundar muito a pesquisa sabe-se hoje que essas discórdias estão relacionadas, entre outros aspectos, com o fato de o padre capixaba ter ligações com a maçonaria, instituição que estava sendo combatida por aquele bispo. A Questão Religiosa, apesar de mais exacerbada no Rio de Janeiro, em Recife e Belém com prisão de bispos e outros incidentes, também teve sua presença, em ponto menor, na província do Espírito Santo.

A fundação da Loja Maçônica União e Progresso em Vitória se dá no mesmo ano de 1872 em que a referida questão está no auge. Compulsando o livro Maçonaria no Espírito Santo de Christiano Woelffel Fraga localiza-se a transcrição de documentos da época e relatos de fatos desagradáveis ocorridos entre seguidores das duas instituições, a Igreja e a Maçonaria. Por exemplo, a proibição dos maçons de servirem como padrinhos de crisma, e a sua represália em não mais ajudarem no custeio dos cultos católicos, destinando as ofertas a obras de caridade.

Mas, para o que interessa na biografia do padre Antunes, existe uma referência na obra acima citada de que na sessão de 24 de setembro de 1876 foi aprovada sua admissão na Loja União e Progresso, a mais antiga até hoje em funcionamento em nosso Estado. Na ocasião o venerável Tito da Silva Machado recomenda completo sigilo a respeito, “visto como sofrendo a nossa instituição encarniçada guerra do jesuitismo, necessariamente este profano proposto, quando iniciado, sofrerá grande perseguição, por ser Padre”. O professor Christiano Woelffel Fraga acrescenta que nos arquivos maçônicos “não consta sua iniciação”.[ 37 ] Muitos amigos do padre e de seu pai pertenciam ao quadro da Loja União e Progresso. Dois maçons nela muito atuantes, Cleto Nunes Pereira e José de Melo Carvalho Muniz Freire, são os redatores do jornal A Província do Espírito Santo no qual estão estampados os artigos que compõem as Memórias do passado. Inclusive no início do artigo 24 o autor afirma que “A influência afável, ao estímulo poderoso de um espírito cultivado devo o fazer este quadro mais completo. Tinha-o reduzido muito, desconfiado da sorte que aguarda minhas pobres composições; como porém animam-me o afago e a benevolência do endossante desta letra, penhor de amizade, lá vai mais alguma curiosidade que me sugere a memória.”

Note-se que no final da obra Esboço histórico o padre Francisco Antunes de Siqueira faz rasgados elogios a Muniz Freire. Afonso Cláudio[ 38 ] refere-se ao Poemeto do padre Antunes como impresso nas oficinas de A Província do Espírito Santo em 1884. Aliás, no canto inferior direito da primeira página na edição do dia 22 de março de 1885 (que iniciou a publicação do folhetim Memórias do passado) lê-se no anúncio de obras literárias: “A Província do Espírito Santo – poema do padre Antunes de Sequeira – 1 vol. – 2$000”.


A família do padre

Sobre a família do padre Antunes de Siqueira algumas luzes são lançadas a partir de referências provenientes de fontes diversas.

No artigo do jornalista Antônio Tinoco antes referido[ 39 ] está registrado também o final da dedicatória impressa do padre Antunes no seu Poemeto: “[…] Às minhas queridas filhas – D. Dalmácia Antunes de Siqueira e D. Petronilha Antunes de Siqueira – Momentos de recreação e da mais viva lembrança.”

Elmo Elton nos oferece uma visão da vida do padre Antunes:

Os padres, em sua quase total maioria, escandalizavam a população pela negligência ou até desprezo com que tratavam os assuntos pertinentes a seu ofício, enquanto o povo, em decorrência disso, deixava de frequentar as igrejas e os sacramentos, comparecendo apenas às festas de cunho mais folclórico que religioso, como o eram as de São Benedito, celebradas tanto aqui como em outras localidades do interior do Estado. Diga-se, de passagem, que alguns sacerdotes, em Vitória, mantinham, às vezes, mais de uma concubina, com as quais pernoitavam diariamente, tendo filhos com elas, não escondendo aos fieis tal situação. O padre Francisco Antunes de Siqueira (1832-1897), que gozava fama de homem culto, teve, por exemplo, mais de uma companheira, viveu, anos seguidos, com uma filha [sic] do poeta Virgílio Vidigal (1866- 1891), com quem teve duas ou três filhas, disso não fazendo o menor segredo, conforme se constata na dedicatória, impressa, que apôs num de seus livros. Sabe-se que, quando da chegada da notícia do fim da Guerra do Paraguai, em Vitória, o povo, eufórico, o procurou, a fim de que ele se manifestasse sobre tão auspicioso acontecimento. Foi encontrado, às primeiras horas do dia, na casa da companheira, tendo, da sacada, ainda de camisolão de dormir, pronunciado um soneto alusivo à vitória dos brasileiros contra os paraguaios, soneto naturalmente adrede preparado, mas que o povo aplaudiu como coisa dita de improviso. Antunes de Sequeira gostava de se passar por poeta repentista, embora não o fosse, já que suas produções poéticas, de fragilíssima inspiração, eram sempre forçadas, de métrica e ritmo imperfeitos, portanto, de pouco ou nenhum valor como peças de arte.[ 40 ]

Afonso Cláudio refere-se a uma filha do padre como sendo casada com o poeta Virgílio Vidigal, dando para este poeta os anos de 1866 e 1907 como extremos de sua vida e nos oferece visão diferente daquela acima apresentada sobre a vida e obra do padre Antunes.[ 41 ]

O padre Antunes confessa publicamente o seu estado de “pecador” em carta estampada, junto com outros documentos, no jornal A Província do Espírito Santo de 30 de março de 1885, poucos dias depois do início da publicação das Memórias do Passado. A boataria é inusitada (sobre o rapto de uma donzela por sacerdote de Vitória) e pode ter sido lançada por inimigos do padre Antunes, (cf. Anexo 1).


O abolicionista

Maria Stella de Novaes registra a presença em julho de 1884 das “senhoras Dalmácia e Petronilha Antunes de Siqueira” numa quermesse em benefício da Libertadora Domingos Martins, ocasião em que elas ofereceram um adorno de mesa em forma de serpente para ser vendido e o dinheiro apurado a favor da libertação de escravos. O presente vinha acompanhado de uma poesia (lavra do pai?):

O. D. C.

De nossas livres florestas
Volve também a serpente,
Para assistir nossas festas,
De um povo independente.

Ao altar da Pátria amada,
Ela vem se devotar,
Querendo com o seu produto
Os escravos libertar.[ 42 ]

Na Sociedade Abolicionista Domingos Martins o padre Antunes proferiu palestras contra a escravidão. Sobre este assunto Amâncio Pereira informa que “o Dr. Afonso Cláudio ocupou também o cargo de orador da sociedade [Libertadora Domingos Martins] enquanto ela existiu; e, com o Dr. Antônio Ataíde, padre Antunes de Siqueira e outros, no paço da Câmara Municipal da Capital, fez diversas conferências em noites de dias santificados, concorrendo a elas escravos e o que a sociedade tinha de escolhido em artes, ciências e filantropia”.[ 43 ]

Também são coerentes na vida do padre Antunes suas ideias liberais com sua pregação contra a escravatura, posição enunciada de forma veemente no último artigo das Memórias do Passado. Na sua biografia é famoso e muito referido por historiadores o discurso que proferiu por ocasião do término da escravidão em nosso país.


O educador

O padre Antunes teve atuação destacada como educador desde os tempos de seminário e em diversas localidades do Espírito Santo, como ressaltam muitos biógrafos e comentaristas de sua obra. Nos apêndices números dois e três do Esboço Histórico ele inclui seu próprio nome como pertencendo aos seguintes estabelecimentos de ensino como professor:

a) de retórica e, depois da reforma, de latim e geografia no Colégio Espírito Santo;
b) de latim e filosofia no Ateneu Provincial (regulamento de 1862);
c) de português nas Escolas Normais Masculina e Feminina;
d) professor público primário em Vitória.[ 44 ]

Estes registros são complementados e enriquecidos com as informações sobre o mesmo assunto prestadas por Amâncio Pereira[ 45 ] no artigo de jornal antes referido:

Em 1868 abriu um internato e externato nesta capital com o qual prestou um bom serviço à terra de seu nascimento. Em 1870 foi nomeado lente de geografia e história do colégio Espírito Santo. Em 1875 passou a lecionar geografia, história do Brasil e sagrada no colégio N. Sa. da Penha, e em 1877 foi nomeado para reger a cadeira de latim do Ateneu Provincial, cargo que exerceu com assiduidade até a extinção deste instituto pela criação das escolas normais em 1892, sendo o nosso biografado aproveitado na cadeira de português. Cremos que em 1878 ou 1879 organizou em sua casa um curso particular de preparatórios, o qual foi bastante concorrido pela mocidade que frequentava o Ateneu Provincial. Desempenhou as funções de capelão da extinta companhia de aprendizes marinheiros desta cidade e da qual foi também professor primário.

Terezinha Tristão Bichara[ 46 ] refere-se ao padre Antunes de Siqueira como vigário de Santa Cruz em 1867 e diretor naquela vila da “única escola particular [com 18 alunos] que conseguiu permanecer em funcionamento na Província”. Também registra que “em 1886, o Chefe da Administração Provincial, nomeou uma comissão, formada pelos educadores […] e padre Antunes de Sequeira para criar um novo regulamento de ensino com a pretensão de introduzir no sistema educacional um novo método — o experimental — considerado o mais eficiente por provocar a curiosidade da criança, educar a memória, prender a atenção e exercitar a inteligência.”[ 47 ]

A erudição demonstrada pelo padre Antunes era um costume da época, e não devemos julgá-la com as lentes de hoje, sem dar os devidos descontos. Em sendo professor de filosofia, de retórica, de história, de português, tinha que assegurar, reiterar e eventualmente exibir aos conterrâneos e contemporâneos seu cabedal de conhecimentos, citando Horácios e Virgílios. Nesse sentido, o primeiro artigo das Memórias do passado lista temas, depois desenvolvidos no Esboço histórico, como a história dos gregos, romanos, judeus, a história sacra, e outros.

As ideias e práticas do padre

O padre Antunes foi eleito deputado à Assembleia Legislativa Provincial para o biênio de 1862-63, tendo ocupado o cargo de segundo secretário da mesa daquela Casa de Leis. O seu partido devia ser o conservador (apesar de muitos de seus amigos serem simpatizantes do partido liberal — inclusive os redatores de A Província do Espírito Santo), mas não logramos documentar essa opção partidária. Devia pertencer ao partido conservador porque o padre Antunes, no artigo 13 das Memórias do passado, demonstra de forma apaixonada ser um caramuru, partidário da cor verde, ligado ao convento de São Francisco. Chega a descrever no artigo 12 de forma desfavorável e até sarcástica a festa dos peroás do Rosário. E segundo Adelpho Poli Monjardim “[…] o povo dividiu-se e do campo religioso passou ao político, como não poderia deixar de acontecer […] Em Vitória não houve neutros. Os conservadores apoiaram os Caramurus e os liberais se filiaram aos Peroás, da igreja do Rosário”.[ 48 ] Liberal ou conservador, o padre Antunes (que pode ter variado de agremiação política ou se constituído numa exceção no panorama das facções locais) viveu numa época em que os partidos possuíam pouca consistência ideológica e os políticos não cultivavam a coerência partidária.

Alguns historiadores referem-se ao mesmo padre Antunes como deputado também no período de 1849-50, evidentemente confundindo-o com seu pai (que realmente foi deputado em tal legislatura), pois naqueles anos, além de estudar no Rio de Janeiro, o jovem Antunes só contava com 17 para 18 anos de idade.

No texto das Memórias do passado, o autor faz referência ao seu pioneirismo em propugnar pela educação feminina quando no artigo de número 17 diz: “Não condeno a instrução da mulher, tanto que fui eu o primeiro a levantar minha humilde voz em 1863 para que se criassem cadeiras em todas as vilas da província.” No mesmo ano foi aprovado pela Assembleia Legislativa Provincial do Espírito Santo um projeto instituindo aulas femininas em Santa Cruz, onde o padre e deputado era pároco.

A Lei n.° 3 de 26 de novembro de 1863,[ 49 ] projeto do deputado Francisco Antunes de Siqueira, determina que a inspeção escolar passe a ser executada pelas câmaras municipais.

Segundo informações registradas pela historiadora Terezinha Tristão Bichara, o padre Antunes propôs um projeto à Assembleia Legislativa Provincial autorizando a venda em hasta pública da casa que, em Cariacica, servia de residência ao vigário, empregando o produto da venda no reparo do relógio público de Vitória; “apesar de aprovada, a lei não foi sancionada, mas a 15 de dezembro de 1863 voltou ao Executivo pois, por unanimidade de votos, não foram aceitas as razões da recusa presidencial”.[ 50 ]

O já muito citado Amâncio Pereira registra que o padre Antunes “exerceu também a advocacia, sendo patrono de alguns clientes perante o tribunal do júri desta comarca”.[ 51 ]

As ideias expostas nos escritos do professor de filosofia e padre Antunes indicam que era partidário de correntes filosóficas anteriores ao positivismo, sendo dele simpatizante, provavelmente.

De qualquer sorte, o jornal em que publica seus artigos era francamente positivista. Ivan Lins em sua História do Positivismo no Brasil refere-se a Muniz Freire como “a figura mais eminente do Positivismo capixaba”.[ 52 ] Antes afirmou ser “tal o entusiasmo despertado pela atuação de Silva Jardim que ‘A Província do Espírito Santo’, fundado em 1882, e de que eram redatores Muni/. Freire e Cleto Nunes, passou a adotar o calendário positivista, acerca do qual deu uma notícia em seu número de 9 de agosto de 1882.”[ 53 ] De fato, as edições consultadas do referido periódico trazem as datas de acordo com os calendários gregoriano e positivista. Por exemplo, o dia 22 de março de 1885, quando começa a publicação das Memórias do passado, também está registrado como 96 (anos contados a partir da grande crise ou Revolução Francesa), mês de Aristóteles (A filosofia antiga).

O certo é que o padre Antunes tinha livre acesso ao periódico aqui tratado. Para exemplificar mencione-se a série de artigos do padre, agora publicados com o nome do seu autor, que começa a ser estampada no periódico sob o título de A educação do povo dois dias depois (9 de maio de 1885) de se encerrar a publicação das Memórias do Passado. Afonso Cláudio julgou identificar as ideias do autor com base no canto IV do Poemeto: “[…] o padre cantor diz a direção filosófica a que obedece o seu espirito. […] A sua filosofia à Cousin, sente-se bem glosando os motes da imortalidade e da separação da alma do respectivo invólucro.”[ 54 ]

Victor Cousin (1792-1867) era um filósofo francês “chefe da escola eclética”. Registre-se que um exemplar de livro dele (o tomo IV das Oeuvres de Victor Cousin, impresso em Bruxelas em 1845 e com o carimbo da Biblioteca Pública Provincial) ainda existe no acervo da Biblioteca Pública Estadual. Cousin “esforçou-se por combinar as ideias de Descartes, da escola escocesa, de Kant, num espiritualismo pouco coerente mas brilhantemente expresso.”[ 55 ]

O padre Antunes cita por duas vezes, às paginas 26 e 57 da 2a edição do Esboço histórico, as ideias de Emílio Castelar (1832-1899), escritor e político espanhol, republicano e o maior orador parlamentar da Espanha na segunda metade do século XIX.[ 56 ] Vemo-lo citando também Eugène Sue (1808-1857), romancista francês que fez enorme sucesso com romances em folhetim descrevendo o submundo parisiense[ 57 ] e Cesare Cantu (1804-1895), escritor e historiador italiano, que escreveu de 1838 a 1846 a História Universal em 35 volumes inspirada pelos ideais de um catolicismo liberal e obra muito lida, inclusive no Brasil.[ 58 ]

Um perfil do padre Antunes de Siqueira pode ser elaborado a partir de palavras registradas por diversas pessoas.

Amâncio Pereira[ 59 ] fala com o coração da amizade: “Espírito esclarecido, talentoso e excelente orador sacro. […] Era ilustrado, de um gênio expansivo e possuía invejável memória. Teve amigos que o apreciavam e que jamais olvidarão sua memória!”

Afonso Cláudio[ 60 ] faz uma análise maios para o lado psicológico:

Antunes de Siqueira fazia parte da legião de brincalhões inteligentes que se foram e da qual é hoje o único documento autêntico. […] Regressando a sua terra […] foi então quando começou a experimentar o efeito das amargas desilusões; de um lado o seu temperamento facilmente impressionável e de outro o meio deletério em que tinha de atuar […] mas o padre não tinha a couraça que forra as energias aos lutadores seletos; sua sensibilidade não lhe permitia prolongado dispêndio de forças em repelir ultrajes […] Sitiado pelas paixões, ora iracundo, ora compassivo, volúvel nos atos e nos gestos, distendendo-lhe a veia irônica e o poeta surge como um complemento do folgazão. É de vê-lo tomar à incultura do populacho os dictérios da moda, os ridículos e sarcasmos com que revida as agressões.

O próprio padre se analisa: “Tenho um gênio sôfrego; por isso a pressa faz imperfeito o meu trabalho e, na associação de ideias, corro longas digressões […] Ambição de escrever, desejos de agradar, glória de corresponder à confiança, tudo isso me exalta, a ponto de esquentar-se a cabeça pela ebulição de ideias que, às vezes, chegam a engurgitar o pensamento!” (final do artigo 32 das Memórias do passado).

Hoje podemos falar que sua vida, principalmente intelectual, foi como a fachada em relação ao corpo da igreja de Santa Cruz: maior na aparência do que é na realidade. Mas isso não tira de modo algum o seu valor como pessoa ou artista.

Como provado antes, foi o padre Antunes, na qualidade de pároco local, quem principiou a construção da matriz na vila de Santa Cruz por sua fachada principal e nisto ele acompanhou iniciativas semelhantes daquele período. Diversos fatores contribuíram para a interrupção da obra, que ficou incompleta e, por isso mesmo, constituindo-se em valioso e interessante documento para a história e a arte.

Também o padre Antunes se formou visando muito a aparência, a eloquência, a erudição. Tendo-se dispersado nos caminhos da vida não pôde erigir em toda sua plenitude e acabamento o edifício de sua personalidade. E esse ente intelectual restou com uma grande e imponente fachada, mas sem toda a substância correspondente por detrás. De qualquer forma, até estes contrastes bizarros são válidos e esclarecedores, tanto na vida de uma pessoa, quanto na existência de um edifício.

O padre Francisco Antunes de Siqueira morreu “vitimado por uma congestão cerebral[ 61 ] às 8 horas da noite do dia 29 de novembro de 1897 em Vila Velha, onde era pároco, cargo de que tinha solicitado exoneração dois dias antes. O enterro do seu corpo deu-se no dia seguinte na então matriz de Vila Velha, atual igreja do Rosário na Prainha, com “presença de muitas autoridades e numeroso povo”,[ 62 ] falando na ocasião o bispo d. João Néry[ 63 ] e “a talentosa aluna da Escola Normal, d. Alice Corrêa[ 64 ]

É patrono da cadeira n° 16 da Academia Espírito-santense de Letras.

_____________________________

NOTAS

[ 12 ] PEREIRA, Amâncio Pinto. Antunes de Siqueira. Comércio do Espírito Santo, Vitória, 2 dez. 1897, p. 2.
[ 13 ] CLÁUDIO, Afonso. História da Literatura Espírito-santense. Porto: Comércio do Porto, 1912. p. 214.
[ 14 ] ARQUIVO DA CÚRIA METROPOLITANA, Rio de Janeiro. Processos de genere e vita et moribus em nome de Francisco Antunes de Sequeira.
[ 15 ] TINOCO, Antônio. Padre Antunes de Siqueira. A Gazeta, Vitória, 26 jan. 1951.
[ 16 ] PEREIRA, Amâncio Pinto. Antunes de Siqueira. Comércio do Espírito Santo, Vitória, 2 dez. 1897, p. 2.
[ 17 ] NOVAES, Maria Stella de. História do Espírito Santo. Vitória: Fundo Editorial do Espírito Santo, s. d., p. 122-3. Na mesma obra à p. 171 a autora, noticiando o nascimento do padre Antunes, registra: “Seguiu o destino de tantos jovens espírito-santenses, conforme escrevemos noutro capítulo.”
[ 18 ] GAMA FILHO, Oscar. Razão do Brasil: em uma sociopsicanálise da literatura capixaba. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991. p. 44-5.
[ 19 ] Documento datado do Rio de Janeiro, 18 de dezembro de 1851, e assinado por Manoel Joaquim da Silveira, constante dos processos de genere e vita et moribus antes citados.
[ 20 ] PEREIRA, Amâncio Pinto. Antunes de Siqueira. Comércio do Espírito Santo, Vitória, 2 dez. 1897, p. 2.
[ 21 ] Ibidem.
[ 22 ] Informações obtidas nos processos de genere e vita et moribus antes referenciados.
[ 23 ] PEREIRA, Amâncio Pinto. Antunes de Siqueira. Comércio do Espírito Santo, Vitória, 2 dez. 1897, p. 2.
[ 24 ] CLÁUDIO, Afonso. História da Literatura Espírito-santense. Porto: Comércio do Porto, 1912. p. 224.
[ 25 ] ARQUIVO PÚBLICO ESTADUAL DO ESPÍRITO SANTO. Vitória. Série Accioly, livro 311.
[ 26 ] Ibidem.
[ 27 ] ROCHA, Levy. Viajantes Estrangeiros no Espírito Santo. Brasília: EBRASA, 1971. p. 94. O autor não menciona no texto a fonte de onde teria extraído estas observações. Deve-se assinalar o equívoco cometido pelo criterioso historiador referindo-se a Santa Cruz como o local de nascimento do padre Antunes, equívoco que se repetiu na nota 14 à página 33 da obra Viagem à Província do Espírito Santo de Auguste-François Biard.
[ 28 ] BIARD, Agugust-François. Viagem à província do Espírito Santo. Vitória: Cultural-ES. s/d, p.33.
[ 29 ] Informações colhidas nos processos de habilitação de genere e de vita et moribus do padre Antunes pesquisados no Arquivo da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro e no livro 311 da série Accioly existente no Arquivo Público Estadual do Espírito Santo.
[ 30 ] OLIVEIRA, José Teixeira de. História do Estado do Espírito Santo. 2. ed. ampl. e atual. Vitória: Fundação Cultural do Espírito Santo, 1974-75. p. 382.
[ 31 ] PEREIRA, Amâncio Pinto. Antunes de Siqueira. Comércio do Espírito Santo. Vitória, 2 dez. 1897, p. 2.
[ 32 ] ROCHA, Levy. Viagem de Pedro II ao Espírito Santo. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro. IHGB, 1960. v. 246. Separata. p. 40.
[ 33 ] ARQUIVO PÚBLICO ESTADUAL DO ESPÍRITO SANTO. Vitória. Série Accioly – livro n° 311.0 último ofício assinado pelo vigário Francisco Antunes de Siqueira é datado de 24 de fevereiro de 1869.
[ 34 ] ARQUIVO PÚBLICO ESTADUAL DO ESPÍRITO SANTO. Vitória. Série Accioly – livro n° 187.
[ 35 ] ARQUIVO PÚBLICO ESTADUAL DO ESPÍRITO SANTO. Vitória. Série Accioly – livro n° 199. O recurso é acompanhado de pública-forma de oito atestados favoráveis ao padre Antunes assinados por diversas autoridades que elogiam o seu comportamento e, em alguns deles, o eximem de participação nos acontecimentos antes referidos de 8 de setembro de 1876 envolvendo a irmandade do SS. Sacramento.
[ 36 ] CLÁUDIO, Afonso. História da Literatura Espírito-santense. Porto: Comércio do Porto, 1912. p. 226. Cita também “desavenças que teve com o comandante da companhia de aprendizes marinheiros, de que foi capelão, [e] com o capitão do porto.”
[ 37 ] FRAGA, Christiano Woelffel. A Maçonaria no Espírito Santo. Vitória: s.n., 1995. p. 129.
[ 38 ] CLÁUDIO, Afonso. História da Literatura Espírito-santense. Porto: Comércio do Porto, 1912. p. 214.
[ 39 ] TINOCO, Antônio. Padre Antunes de Siqueira. A Gazeta, Vitória, 26 jan. 1951.
[ 40 ] ELTON, Elmo. Velhos templos de Vitória & outros temas capixabas. Vitória: Conselho Estadual de Cultura, 1987. p. 89.
[ 41 ] CLÁUDIO, Afonso. História da Literatura Espírito-santense. Porto: Comércio do Porto, 1912. p. 329 e 232.
[ 42 ] NOVAES, Maria Stella de. História do Espírito Santo. Vitória: Fundo Editorial do Espírito Santo, s. d., p. 294. (O. D. C. significa Oferece, Dedica e Consagra, segundo fórmula da época.).
[ 43 ] PEREIRA, Amâncio Pinto. Homens e Cousas Espírito-Santenses. Vitória: Artes Gráficas, 1914. 1o. livro, p. 129.
[ 44 ] SIQUEIRA, Francisco Antunes de. Esboço Histórico dos Costumes do Povo Espírito-santense. 2. ed. Vitória: Imprensa Oficial, 1944. p. 137 a 144.
[ 45 ] PEREIRA, Amâncio Pinto. Antunes de Siqueira. Comércio do Espírito Santo, Vitória, 2 dez. 1897, p. 2.
[ 46 ] BICHARA, Terezinha Tristão. História do Poder Legislativo do Espírito Santo – 1835-1889. Vitória: Leoprint, 1984. v. 1.1. 1. p. 199.
[ 47 ] Op. cit. p. 328.
[ 48 ] MONJARDIM, Adelpho Poli. O Espírito Santa na história, na lenda e no folclore. Vitória, s.n., 1983. p. 97. Nesta obra o ilustre historiador reproduz trechos sobre o mesmo assunto existentes às páginas 116-117 do livro Biografia de Uma Ilha de Luiz Serafim Derenzi. 2 ed. Vitória: PMV, 1995, editado originalmente em 1965.
[ 49 ] BICHARA, Terezinha Tristão. História do Poder Legislativo do Espírito Santo – 1835-1889. Vitória: Leoprint, 1984. v. 1.1. 1. p. 197.
[ 50 ] Op. cit. p. 188.
[ 51 ] PEREIRA, Amâncio Pinto. Antunes de Siqueira. Comércio do Espírito Santo, Vitória, 2 dez. 1897, p. 2.
[ 52 ] LINS, Ivan. História do Positivismo no Brasil. São Paulo: Nacional, 1964. p. 227.
[ 53 ] Op. cit. p. 221.
[ 54 ] CLÁUDIO, Afonso. História da Literatura Espírito-santense. Porto: Comércio do Porto, 1912. p. 227.
[ 55 ] Grande Enciclopédia Delta Larousse. Rio de Janeiro: Editora Delta, 1972. v. 5.
[ 56 ] Ibidem. v. 4.
[ 57 ] Ibidem. v. 14.
[ 58 ] Ibidem. v. 5.
[ 59 ] PEREIRA, Amâncio Pinto. Antunes de Siqueira. Comércio do Espírito Santo, Vitória, 2 dez. 1897, p. 2.
[ 60 ] CLÁUDIO, Afonso. História da Literatura Espírito-santense. Porto: Comércio do Porto, 1912. p. 223-6.
[ 61 ] Estado do Espírito Santo, Vitória, 30 nov. 1897. p.
[ 62 ] Ibidem. 1o dez. 1897.
[ 63 ] PEREIRA. Amâncio Pinto. Antunes de Siqueira. Comércio do Espírito Santo, Vitória, 2 dez. 1897, p. 2. Na relação que Amâncio Pereira faz das obras impressas do padre Antunes está a “Alocução Congratulatória ao exmo. sr. bispo diocesano d. João Batista Corrêa Néry, em homenagem a sua visita pastoral à cidade do Espírito Santo [atual Vila Velha] no dia 21 de novembro de 1897″.
[ 64 ] Ibidem.

———
© 1999 Texto com direitos autorais em vigor. A utilização / divulgação sem prévia autorização dos detentores configura violação à lei de direitos autorais e desrespeito aos serviços de preparação para publicação.
———

Fernando Achiamé nasceu em Colatina, ES, em 22/02/1950 e fixou-se em Vitória a partir de 1955. Formado em história pela Universidade Federal do Espírito Santo e em língua e literatura francesas pela Universidade de Nancy II (Pela Aliança Francesa do Brasil). Especialista em arquivos pela Ufes. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)

Deixe um Comentário