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L.C.M., auxiliar de serviços gerais

Natural de Camacã, Bahia
Mora há 8 anos, no bairro Jesus de Nazaré, Vitória
Casada, com filhos
Auxiliar de serviços gerais.

O que acho mais bonito em Vitória é aquela orla de Camburi. Costumo passear por ali, dia de domingo, feriado, pela manhã, pelo calçadão, a pé, eu, meu esposo e os meninos. O que eu acho feio são aqueles valões, principalmente os que tem ali do lado do HPM (Hospital da Polícia Militar), em Bento Ferreira. Sempre que eu vou buscar minha menina na creche, eu acho horrível aquilo. Muito fedor, muita muriçoca, e quando chove aquilo ali inunda tudinho. Então aquilo ali é uma das piores coisas de Vitória que eu acho.

Com o trânsito em Vitória a gente sofre bastante principalmente na época de temporal, de chuva. Inclusive meu esposo chegou desta última vez às duas horas da manhã em casa. A gente não sabe, se vai de carro, a gente fica na estrada, se a gente vai de ônibus, também fica, e se for a pé, tem de ter o máximo de cuidado por causa dos bueiros, então a gente não sabe como a gente se vira. É tudo muito difícil.

Às vezes eu venho na Festa de São Pedro na praça da Cruz do Papa. Tiro uma noite, e venho. Mas de festas tradicionais mesmo só participo na creche da minha filha, que é a festa junina, que eles fecham a rua, que é ali atrás do HPM, aí todo ano eu vou. Meu filho de doze anos já estudou nessa escola, agora minha filha, então desde que a gente chegou aqui a gente participa dessa festa. Mas as demais não, a gente fica com medo de sair por causa da violência aqui em Vitória. Não costumo ir na Festa da Penha. Eu vou lá no Convento da Penha quando não tem festa, em dias calmos, assistir missa lá e tudo. Mas quando tem festa, romaria, essas coisas, a gente costuma não ir, porque é muita quantidade de gente, e eu tenho filhos pequenos. Eu sou católica praticante, vou à igreja, sou casada [na igreja], e freqüento esta igreja aqui da Praia do Suá (igreja de São Pedro), e lá no meu bairro tem a de São Francisco de Assis, que é a capela. A gente assiste a missa lá, e batizado, crisma, faz aqui embaixo.

Eu venho a pé pro trabalho [na Praia do Suá], porque moro aqui perto. Mas quando eu pego minha filha na escola eu vou de transporte. Não pego horário de pico.

A creche que minha filha está chama-se Creche Rubem Braga, é da Prefeitura. É uma excelente creche. Mas a creche do meu bairro já não é tão boa quanto a que minha filha estuda. Eu dei sorte, que eu coloquei longe, ela tinha oito meses, eu acabei inscrevendo ela, ela foi sorteada, e ela esta lá. E muita pessoa me pergunta, Ah, por que você faz isso, coloca sua filha em outro bairro, tem de ir lá buscar, essa confusão toda. Mas a gente às vezes procura o melhor, porque há uma diferença de creches aqui, de um bairro pra outro. Umas são melhores que outras, infelizmente. Meu filho já estudou nessa creche também, quando ele chegou aqui, e a minha filha está lá. E até já rematriculei ela de novo. Meu filho atualmente estuda no [Colégio] Americano Batista, que é particular. Mas este ano já estou pleiteando uma escola pública pra colocar ele. Por causa do Menor Aprendiz, o Pró-Une, esses projetos do governo do estado e da Prefeitura que está tendo aí. Ele está com doze anos, lá pelos catorze, dezesseis, ele já pode fazer um estágio em algum lugar. Porque só entra nesses projetos quem estuda em escola pública. Aluno de escola particular não entra.

Quando a gente sai de casa à noite a gente vai pra um barzinho, às vezes um restaurante mais seguro, onde tem algum parquinho que a gente possa colocar a criança lá, onde tenha um estacionamento que a gente possa até pagar pra colocar o carrinho da gente, porque é muito difícil aqui em Vitória estacionamento, um lugar seguro. A gente tem medo de assalto. Eu tenho muito medo aqui em Vitória de assalto.

Acho que mais árvores em Vitória ajudariam a refrescar a cidade, ficar mais arborizada. Como Brasília, dizem que Brasília é muito arborizada, inclusive tem árvores frutíferas lá. Mas acho que isso é porque é uma capital planejada, e aqui não é. Mas aqui deveria ser mais arborizada sim. Afinal é a natureza, não é?

Mas apesar de tudo eu me sinto muito bem em Vitória, a gente está muito melhor aqui do que em Camacã, aqui tem emprego. Se a gente tivesse vindo há mais tempo, estaríamos muito melhor do que estamos, mas do jeito que estamos já está muito bom.

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