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L.R., estudante de Publicidade

20, nascida no Rio de Janeiro, mora há 10 anos em Vitória, na Praia do Canto. É estudante de Publicidade na Faesa de São Pedro. (05.11.2004)

– Sou carioca da gema, morava na Ilha do Governador, no Rio. Vim pra cá por causa de minha família. Não gosto de Vitória. Não tenho muita simpatia por aqui. Eu acho que o Rio é muito mais importante pra mim do que Vitória. Eu sinto que em Vitória estou só de passagem. Não gosto daqui porque não gosto do mercado de trabalho, não gosto muito da postura de algumas pessoas daqui, não gosto mesmo pelo fato dela ser muito pequena.

– Vou pra faculdade de carro e não vejo muito problema de transitar. Acho até que o ônibus por aqui é muito caro. Você paga muito caro pra atravessar pouca distância. Vitória não é feia, acho até mais bonitinha que o Rio.

– Tenho muitos amigos e o pessoal daqui é muito simpático. Não tenho é muita coisa pra fazer por aqui. Sinto falta de teatro, cinema, cinema é muito caro e nunca entra filme interessante, sei lá, falta parque… Eu gosto dos de Vitória, eu frequento o Parque da Cebola, o Morro da Fonte Grande, o da Vale, em Jardim Camburi, a Praça dos Namorados, mas tinha que ter uns parques assim, abertos por mais tempo, que tivessem atrações, que a gente ficasse mais tempo… Em Belo Horizonte, por exemplo, tem parque legal, no Rio, o Jardim Botânico é super aconchegante, você passa o dia inteiro rodando… Sabe? Vitória falta mesmo é cinema e teatro.  Praia eu não vou. Nem aqui nem em outro lugar. Adoro sol, mas sem praia.

– Falta atividade artística aqui, não tem muito incentivo, apoio do governo, essa coisa. A coisa forte aqui é folclore. Acho que nessa coisa de valorizar o que é capixaba, o folclore é que é mais importante por aqui. As pessoas se apegam muito na coisa do folclore. O resto tá fraco, cinema, teatro, música, precisa se fortalecer. Mas tem muita gente que pode se apresentar fora daqui sem problema, todos os setores têm coisas muito legais. É que as pessoas acabam não se arriscando, com um pouco de medo acabam não se arriscando. E a falta de incentivo não é do governo, é falta de incentivo da própria pessoa… “ah, vamos fazer acontecer…” Não vou generalizar, mas acho que tem muita gente que poderia estar se dando muito melhor do que realmente está. Muita gente não realiza nada com medo se vai acontecer ou não.

– O capixaba é preconceituoso, não só quanto ao homossexualismo, mas também quanto à questão racial, apesar dele fingir que não o é. Já presenciei muitas vezes, tenho muitos amigos negros, muitos amigos homossexuais, e já falaram pra mim: “como você anda com uma pessoa assim? Mas ele é gay…” Mas não se trata do “capixaba”, são pessoas que são assim, sejam ou não capixabas.

– O capixaba é receptivo, simpático, acho que pela praia, turismo. Vejo muito gringo por aqui. Eles gostam daqui, da praia, de passeios ecológicos, tem clubes, boates. Tem muita coisa bonita aqui. Gosto muito do Parque da Fonte Grande, da Pedra dos Dois Olhos. Mas a cara de Vitória pra mim é o Centro. Acho muito bonito e pouca gente explora isso. Gosto muito da Cidade Alta, gosto das igrejas do Centro, adoro a Catedral.

– Quanto a essa coisa de saúde, só se você tem dinheiro, um plano de saúde, senão é muito complicado, é muita precariedade, já passei por uma situação na qual um amigo meu faleceu por falta de atendimento em hospital público. Deram um diagnóstico errado.

– Eu acredito muito em Vitória. Acredito que Vitória tem muito potencial. Eu não gosto daqui porque vim obrigada pra cá. Eu sinto que estou de passagem, eu não quero viver minha vida aqui.

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