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M.S., mestre de obras

68 anos, é mestre de obras, baiano e reside há 31 anos em Maruípe, trabalhando a maior parte do tempo no Centro da cidade e arredores. (19.07.2005)

– Eu moro na melhor cidade do Brasil pra se viver. Pra mim não existe outra. Tem a Bahia, a Bahia é muito boa, mas em termos de vivência material da gente, é um excelente lugar. Já foi constatado em pesquisa e tudo mais… Vitória é a melhor capital do Brasil pra sobrevivência, com qualidade de vida. É uma pena Vitória estar vivendo essa situação de agora que é a falta de segurança… É o que a gente tá mais precisando: segurança. É o grande problema de Vitória, a segurança pública, a parte fraca de Vitória, todo mundo sabe disso, tá tudo muito frágil e a gente tá precisando de um governo mais enérgico. Tá botando segurança, já contratou, mas não adianta… Ontem mesmo o cara mesmo assaltou o outro em plena Costa Pereira de manhã. E cadê a polícia? Polícia não é pro quartel, é pra ficar na rua. Agora ela não é a mais violenta do país como se diz por aí. A violência tá perto, mas dentro da cidade não é mais violenta.

– Eu cheguei em Vitória no dia 2 de maio de 1974, às 8 horas da manhã. Vim de carro da Bahia com meu cunhado, eu, minha mulher e minha filha. E moro no mesmo lugar até hoje, em Maruípe, ali embaixo do quartel, perto do Horto ali. Tem um troço que eu não gosto é que Vitória é muito quente, eu sou muito calorento, aqui não tem frio. Aqui inverno nunca tem.

– Meu bairro é muito bom, só não tem mesmo comércio. Tem muito hospital perto, mas não tem banco. Somos muito bem atendidos na parte de saúde, por conta da Prefeitura. Tem uns supermercados pequenos. As escolas são boas, são bem servidas pela Prefeitura, mas quem tá estragando as próprias escolas são os próprios alunos. Outro dia tinha um garoto de 10 anos levando faca pra aula. Sempre a violência. No meu bairro não vejo criança na rua, mas por outros lugares vejo muita criança desamparada, precisando do apoio dos governantes.

– Vitória começou a se desenvolver de uns dez, quinze anos pra cá. Ali na Mata da Praia era matagal puro, perto da ponte da Passagem… Um dos maiores prefeitos pra mim foi o Dr. Crisógono Teixeira da Cruz. Aquele homem foi um baluarte, foi ele quem construiu aquele palácio da Prefeitura, e o Setembrino Pelissari também, com aquelas galerias pluviais, foi grande. Até que há pouco tempo era um atraso, muito animal na rua, cachorro então. Depois de Luiz Paulo ficou melhor, você não vê mais uma mula mijando, defecando, jogando estrume na rua. E o cachorro vai pra Zoonose, pros estudantes. Melhorou.

– A construção civil agora tá uma beleza. Desenvolveu muito. Ainda não é uma São Paulo, não dá pra comparar, mas pelo seu tamanho, cresceu assustadoramente; aliás, não tem nem mais pra onde crescer, você sabe, somos uma ilha. Os morros foram longe também. Luiz Paulo foi um grande prefeito pros morros. As favelas aumentam e os governantes deixam. Favela atrasa o desenvolvimento. Tem muita gente boa, mas tem muita gente ruim, que só pensa em destruir… Aqui tem muito nordestino. A maior parte dos morros é metade capixaba, metade nordestino e tem muito baiano.

– Em matéria de transporte nós estamos bem servidos, pros lados de Maruípe então é uma beleza. E o Transcol não é ruim. Precisa mesmo de mais ônibus na hora do pico. Vila Velha por exemplo. Deus me livre, é muito ruim. Minha mulher mesmo ficou internada lá no Hospital Evangélico, foi um sufoco pra ir lá, o 632, só tem ele. Ruim, ruim. Mas Vitória tá muito bem servida, carros novos, limpinhos, cheirosos. Mas o trânsito é triste. Nossa Senhora, não é fácil não. Na hora do pico, tudo engarrafa, mas depois melhora.

– Me divirto tirando fotografia. Mas por aqui não tem muita festa de rua não. Tem a puxada de mastro de São Benedito, em dezembro, só. Mas o capixaba é muito expansivo, é uma classe de gente muita hospitaleira, muito comunicativa, e se dá bem com todos nordestinos, todos. Agora esse negócio de racismo tem em todo o Brasil. É tudo igual, aqui no resto do país.

– Esse negócio de gay, tem demais, nossa… Tem muito, muito, muito mesmo. É uma parte que eu nem posso discutir, sabe por quê? A gente não pode dizer nem que sim nem que não. Agora tem uma coisa: é uma raça de gente inteligente. Eu nunca vi um gay que não fosse inteligente. Não viu aquele rapaz do Big Brother 5?  Pra mim mesmo é tudo igual. Tem diferença, você sabe, na parte sexual, mas na parte de matéria, de sangue, é tudo igual.

– Agora em matéria de esporte, Vitória é pessimamente ruim. Todo dia eu digo isso quando eu vejo o Globo Esporte lá em casa. Você sabe que o esporte é a coisa mais desenvolvida do mundo. Temos uma natação boa, mas o resto… Em Maruípe não tem muito espaço pra esporte.

– Olha; eu diria que Vitória merece todo carinho de quem reside nela, merece todo apoio, todo amor do mundo, porque é uma capital boa pra se viver. Eu aconselho todo mundo a zelar por aquilo que ele sempre usa, que é a nossa capital. Não jogar lixo na rua, não encher de bagulho a boca do bueiro… Eu gosto muito daqui. Como gosto da [praça] Costa Pereira, daqueles bancos, vendo o pessoal passar, e da praça Oito, que não tem banco. Gosto de pensar na vida no cais do porto. Mas adoro mesmo a Costa Pereira, porque lá é o meio central de onde a gente vive. Gosto muito, muito, muito.

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