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P.R.F., serviços marítimos

50 anos, natural de Vitória, trabalha no setor de serviços marítimos no bairro da Glória, Vila Velha e mora há 22 anos na Enseada do Suá. (10.10.2008)

– Tenho sim uma relação afetiva com a cidade de Vitória. Nasci e cresci aqui. Minha infância e juventude foi num bairro considerado à época subúrbio, o Bairro de Lourdes, e lá certamente não havia maiores preocupações como as que existem atualmente e que certamente preocupam bastante os pais que têm filhos crescendo nos dias de hoje.

– Gosto muito de Vitória e o que mais me atrai nesta cidade são as praias, ainda que sejam poluídas. Tem havido muita mudança na cidade, muitas vezes inevitáveis. O centro comercial, por exemplo, transferiu-se do Centro da cidade pra Praia do Canto. O trânsito está ruim. É difícil locomover-se. O Centro é muito antigo e as ruas são estreitas. O Centro precisaria de mais áreas de estacionamento e mais espaço pra pedestres. Hoje eu quase não dirijo por diversão, só por necessidade. O turista, o visitante aqui tem dificuldade de se locomover e nem sei pra quê. Não tem muita opção a cidade. A oferta é muito fraca. E a cidade é cara. Evidente que é melhor do que Vila Velha, por mais que lá esteja crescendo, mas ainda é em grande parte a cidade dormitório de Vitória. E Vitória é uma cidade portuária em expansão, o que não impedirá o caos, pois afinal o porto está no Centro da cidade, a não ser que se resolva o problema do modal rodoviário, ou que se transfira o porto para uma outra área da cidade.

– O capixaba é muito conservador. Não creio que ele seja aberto às mudanças. O povo aqui não é educado politicamente. Dizem ter consciência política, mas não acho. Não sabem votar. Os políticos daqui visam mais os ganhos financeiros.

– E o espírito do capixaba é fechado. São poucos que abrem sua casa pra alguém. As pessoas já foram mais solidárias, hoje são muito desconfiadas. O capixaba, apesar dos self-services, só gosta de comer galinha e feijão com arroz, e também o tradicional peixe, e, pra beber, cachaça e cerveja.

– A imagem que tenho de Vitória é o pó de minério. Jogaria no lixo essas usinas que foram construídas no lugar errado. Eu chamaria Vitória de a ilha que faltava.

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