Autor: Padre Francisco Antunes de Siqueira
Edição de texto, estudo e notas: Fernando Achiamé
Introdução
O culpado pela elaboração deste trabalho é Reinaldo Santos Neves. Há mais de dez anos me entregou uma transcrição de artigos publicados de forma anônima no jornal A Província do Espírito Santo em 1885. Pediu que fizesse um breve estudo sobre eles, adiantando que faltavam algumas partes que não pudera obter. O estudo e a transcrição seriam publicados pela Fundação Ceciliano Abel de Almeida, em cuja editora Reinaldo trabalhava na época. Fui logo lendo a transcrição. Achei a obra muito interessante e interessado fiquei em localizar as partes faltantes (cinco artigos ao todo) e preencher as poucas lacunas da transcrição. E, é claro, descobrir o autor do escrito.
Os artigos que faltavam (de números 14, 15, 16, 24 e 26) foram facilmente obtidos, bem como preencheram-se as lacunas da transcrição, no acervo de microfilmes do Arquivo Público Estadual que por essa época já tinha microfilmado (em conjunto com a Biblioteca Nacional) os jornais mais antigos da nossa terra. Aproveitei para corrigir alguns trechos incorretos da transcrição. Já estava completamente tomado pela obra e comecei a conversar com ela procurando resposta para minha pergunta fundamental: “Quem te escreveu?” Não demorei muito a descobrir o autor da façanha entre os escritores capixabas do século passado. Acredito mesmo que o padre Francisco Antunes de Siqueira (filho) queria encobrir-se, ma non troppo. Levantei passagens significativas da vida do ilustre capixaba em jornais da época e em livros de história espírito-santense. Cotejei a obra em causa com outra do mesmo autor para comprovar a atribuição, esbocei as partes da presente crítica e… larguei o trabalho de lado, embora pensando nele de vez em quando.
Tencionava pesquisar no Arquivo da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro os processos de habilitação de genere e vita et moribus, já que a figura em causa era padre secular. Aliás cheguei a ter em mãos os referidos processos em 1995 em rápida estada naquela cidade, fiquei de voltar no dia seguinte para fazer uma transcrição das suas peças principais, mas encontrei o arquivo fechado, helas. Este negócio de a gente querer sempre fazer um trabalho muito perfeito e completo resulta em que não se faz trabalho algum. Usava a consulta aos citados documentos como uma desculpa para ir adiando a elaboração desta crítica de atribuição.
Ano passado tive oportunidade de consultar os referidos processos e perante mim mesmo a desculpa não mais existia. Também ano passado, num lançamento literário, o Reinaldo, após mais de dez anos de cobrança (com a média de duas tentativas anuais para me arrancar o trabalho), lança o repto: “Termine o estudo sobre o texto do padre. Você é um homem ou um pé de alface?” E isto na presença de outras pessoas. Uma conhecida até brincou: “Mais de dez anos? Reinaldo, você é muito paciente!” Gosto de alface, mas não a ponto de querer ser um pé de.
Assim, aqui vai o que foi possível fazer. Pela demora e pelos eventuais erros o culpado sou eu, exclusivamente.
Fernando Achiamé.
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Pe. Francisco Antunes de Siqueira nasceu em 1832, em Vitória, ES, e faleceu na mesma cidade, em 1897. Autor de: A Província do Espírito Santo (Poemeto), Esboço Histórico dos Costumes do Povo Espírito-santense, Memórias do passado: A Vitória através de meio século. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)
Fernando (Antônio de Moraes) Achiamé nasceu em Colatina, ES, em 22/02/1950 e fixou-se em Vitória a partir de 1955. Formado em história pela Universidade Federal do Espírito Santo e em língua e literatura francesas pela Universidade de Nancy II (Pela Aliança Francesa do Brasil). Especialista em arquivos pela Ufes. (Para obter mais informações sobre o autor e outros textos de sua autoria publicados neste site, clique aqui)